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Mostrando postagens de agosto, 2021

Manifesto de libertação e emancipação da Lua

Aos que dizem que sou uma mulher de fases, lhe digo que esta concepção é extremamente antiquada. Aos que dizem que sou romântica, sinto em decepcionar. Eu sou um corpo celeste livre, que apesar de vocês dizerem que sou um satélite da Terra, que não tenho luz própria e que minha existência se resume a rondar e servir outro corpo, eu existo para unicamente satisfazer a mim mesma. Homens já me invadiram e tentaram marcar território. Tentaram me descrever em músicas, filmes e novelas- em vão.  Vocês se frustram comigo pois sou indiferente demais a vocês e não me importo em esbanjar minha beleza no registro. E aí vocês criam meios tecnológicos para me captar, fotografar e estudar. Sei que vocês não esperavam por isso, mas não. Eu não necessito da luz do "centro do universo" para existir. Vocês que necessitam e dela para me desejar. Eu não influencio as águas para ajudar vocês. Elas que me procuram como forma de proteção. Vocês também não dão valor a elas.  Me deixe ser corpo livre
Eu quero mergulhar em você Me perder entre cabelos, unhas e dentes De repente pude perceber Que é aí que o amor se faz presente O amor está nos nossos corpos Unidos nus, selvagemente Ou dormindo, na calmaria (28 de fevereiro de 2018)
 A habilidade  De transformar  Todas as minhas fraquezas Em literatura Sem me preocupar  Com a qualidade  Ou veracidade Das informações A habilidade De chorar por dígitos Caracteres habilidosos Que formam palavras Imagens, sentimentos Às vezes saudosos  Às vezes nervosos  Pedido de socorro Em formato de poema É uma carta de ajuda Literária
A lógica não justifica a repetição  Padrão  A sabedoria se perde  Entre o que seria  Subjuntivo  Tão subjetivo  Que chega a se perder  No ar  Onde quer que eu vá  Acontece  Quem quer que seja  Repete  Irresponsabilizar o outro  E ser gentil comigo mesma 
Quero te dizer o que realmente acontece Quando dois corpos se cruzam  Através da mente Não importa a distância  Tudo se sente Através do olhar  Não importa a fragrância O olfato se instiga  Por cada piscar  Através do toque Meu bem, preste atenção O silencioso não dá conta Do meu estoque De vontade, tesão Cada palavra não dita Cada expressão deletada Cada imagem compartilhada Molhada Inunda tudo  Afundo Quero te dizer o que realmente acontece Quando desejo Sem medo Receio  Me veio  No meio da noite A vontade da língua Na pele No meio da mente Do dia  Que agonia Não saber o que dizia  Antes de me entender Quem sabe, cabeça vazia  Oficina pra me envolver 
O cansaço do corpo  Máquina analógica do movimento Não deixa mais o sorriso se curvar Pra cima Gravidade traz a gente De volta Os olhos caem  Em frente Ao teclado  E esse poema termina como começou  Cansado 
Eu queria roçar meus pés nos teus Debaixo do cobertor  Enquanto durmo um sono tranquilo  Daqueles que a gente se mexe pouco na cama Acordar do teu lado Preparar um café  Te ver dormir  Uma imagem de paz que queria ter Poderia dizer que  Gostaria de acordar contigo  Me abraçando de costas  Beijando do pescoço até o ombro  Mas é que sempre acordo primeiro  E tenho tentado ser realista até  Nas minhas expectativas ilusórias  Queria ouvir tua voz Tão bonita  E olhar nos teus olhos  Que nunca vi  Só pra poder saber como é  Estar de frente  E sentir meu peito quente  Por saber que você não é apenas  Um acumulado de algoritmos  Que aparece na tela e desliga De repente  Talvez eu seja um pouco sonhadora demais Iludida demais  Mas é que todo esse tempo sozinha  Tem tirado a minha paz  E me refugio nas fantasias  De ser sua Só por um instante  Só pra dormir tranquila 

Vício

Quanto mais eu uso  Mais eu fico triste  E quanto mais fico triste Mais eu uso  É um ciclo vicioso  Nessa tentativa de preencher  O vazio Que alimenta o vício  Vício  Daquilo que não se vive sem Ou a gente acha que não vive  Daquilo que se sente e vem  Toma tudo, fica estático  O corpo todo pede  Mais Mais  Mais  Eu não aguento mais Relação bidimensional  As paranoias já tomaram toda a minha cabeça  O vazio vem Toma conta E você fica fugindo dele  Caçando aplicativo  Pulando de uma rede pra outra Descendo a timeline  Sem nem ler nada  Pula o textão  Pula a foto  A selfie O pedido de ajuda Pula Pula  Pula os stories  Pula qualquer tipo de conteúdo  Que fixa  permanece na mente  Nada permanece As relações nem existem mais  Você não consegue mais ter uma conversa. De verdade Cara, de verdade, não é que ninguém tá nem aí pro seu problema  É que tá todo mundo realmente lotado de problema  E aí o seu problema Não cabe mais no ouvido do outro  Que tá pulando tudo sabe?  Seu storie  Seu áudio

E ai, tudo bem?

  E ai, tudo bem?  O que se responde a essa pergunta? Acho que o aceitável já se perdeu no real… Não sei. O que é estar bem? Em 2021? No Brasil? É uma pergunta retórica? Sarcástica? Desses ditados que se dizem lá sem saber de onde vem? É isso?  Ultimamente, tem sido a função de recenseadora que tem me fornecido a renda. E não só renda mas belas histórias também. São quase 100 ligações diárias, conversando com desconhecidos, de outros lugares do país. Esta frase “Alô, tudo bem? Boa tarde. O meu nome é Júlia…” tem sido algo tão repetido que uma vez, ao falar com minha avó pelo telefone, repeti o script automaticamente. Me confundi, a palavra perdeu sentido, quando repete muito para de fazer sentido. Entende? E acho que se perdeu entre ois, tchaus, beijos e likes. Gosto de estar esperando uma ligação, e cair no engano. De todas as ligações que faço no dia, as que são engano são as que mais gosto. Principalmente aquelas em que o engano é a voz de uma senhora. Que imagino logo na cozinha la
 essa tristeza é tão rasa nada rara talvez eu esteja mesmo  excedendo apenas a mim mesma exigindo algo dos outros  que só eu vou poder fazer por mim cuidar