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Mostrando postagens de 2015

Quando eu tenho que ir

Quando eu tenho que ir Não consigo me despedir Eu vou embora Sumo Caio fora Vou sem rumo Não digo nada Acho que tenho medo de despedida Fico calada Partindo antes da partida

SP

São Paulo é realmente muito grande E isso me encanta E isso me assusta E isso me espanta Isso me busca A cidade da garoa Em que todo mundo voa Em que todo muro soa Um grito de revolução Dá satisfação De ver A cidade viver A cidade enlouquecer É um ser único e só É amor e ódio amarrado em um nó É uma confusão de acontecimentos É uma junção de sentimentos São Paulo É minha casa É minha estrada Pra vida São Paulo É minha cura Uma cidade impura Não lida Como se fosse totalmente Desconhecida Ela abre e fecha Cura a ferida Faz da sua flecha Um ponto de partida Para o ódio A violência Mas também tem amor Sobrevivência Faz obra de arte Da sua sofrência Todo mundo faz parte É referência Tem muitos problemas Muitos dilemas Condução lotada Desenfreada Locais em que a vida é desvalorizada Pessoas tem medo De quem deveria proteger Elas levantam logo cedo E todo dia têm medo de morrer Ainda há desigualdade de gênero Ainda há preconceito racial Descon

Quando eu me toco

Eu gosto desta relação De tratar com naturalidade O ato da masturbação Vendo beleza e tranquilidade Neste ritual de aceitação Descobrir o próprio corpo e mente Aceitar o seu nudismo Ser independente No prazer, sem altruísmo Eu gosto desse momento meu De gozar e não precisar dizer nada Eu gosto de cair nos braços de morfeu Sem ficar preocupada Se fui boa o suficiente Se fui morta ou fui ardente Se fui inesquecível Eu vou no meu nível Eu vou no meu tempo Eu me amo assim Leve como o vento

O último achado da bagunça

Me pondo no lugar Dei um tempo para mim Para me por no meu lugar Sem precisar cumprir compromisso Ou textos ter que decorar Talvez um dia eu volte A tomar o meu banho semanal De cultura, para dizer de modo geral Passar na seleção Não é nada fácil Com apenas livros na mão Cheguei até a travar de pressão Li aquele pedacinho de felicidade Mas eu diria que é mais um mapa Para eu achar a mina chamada "eu" Para eu saber a minha missão de verdade Musa inspiradora Sei que sou apenas uma amadora Me ponha no caminho certo Pois sua discípula está aqui por perto Já estou achando mais professores Que vão me ajudar A esse mundo melhorar Brecht e Pagu Não vão sumir, vão se multiplicar - Por Júlia Zocchi de 03 de junho de 2012 que desabafava nas rimas ainda inexperientes.

Achados da bagunça - Meu segundo poema

Fábrica de mim Sou feita de ideias Sou feita de mente Sou feita de alma Sou feita de fúria Sou feita de amores Sou feita de calma Sou feita de carne Sou feita de osso Sou feita de pele Sou feita de raça Sou feita de cor Sou feita de etnia Sou feita de imagem Sou feita de som Sou feita de magia Sou o sorriso da criança Sou a razão Sou a esperança Sou decidida De que sou confusa Sou metida a humilde Sou indecisa de que tem certeza Sou uma lousa em branco Pedindo para ser escrita Sou uma tela cheia Pedindo para que seja apagada Sou uma escultura simples Coberta por um pano De seda vermelho Estou sempre pedindo um Mas não sou boa pra conselho Cada pinta do meu corpo É uma mancha de pincel De uma tentativa de ser eu mesma Que foi jogada ao léu Sou censurada Sou oprimida Mas é difícil Eu ser apagada Sou tudo Sou nada - Por Júlia Zocchi de 2012, passando uma grande crise existencial

Achados da bagunça - Meu primeiro poema

Sonhadora Ei! Menina! Sim, você Com sua sina Que o temor do mundo não vê Seu lema? É curtir a arte, o cinema A escultura, a pintura, a leitura Sua vida é um poema Sua vida toda na moldura Porque você sabe que tudo muda Ea quem precisa presta ajuda Ei! Anjo da guarda Sim, você Que não vê a vida amarga Quer o mundo nas suas mãos Quer libertar a mente E agora menina? Como se sente? Já descobriu tudo o que queria Ou quando descobriu Só soube que nada sabia? Não espere Não pare de pensar Não demore Não pare de sonhar Seu lema Sua sina Nada é problema Ei, menina!! Continue sonhadora E assim, quem sabe a gente vence esse sistema Sistema forte Sistema errado Que causa morte E todos ficam intimidados Não perca o foco, menina Não perca nada Mas se nada é tudo E tudo é nada Perca tudo, menina Abandone Mas nunca pare de sonhar - De Júlia Zocchi de 2012 (têm certas coisas que não mudam...)

Anagrama do Alckmin

Eu converso Eu conservo Com o meu verso Com o meu servo Eu conserto Eu converto O certo Ao veto

Sobre um amor desconhecido

A gente se ama Durante a semana E depois se engana No meio da cama Você não tem rosto Você não tem nome Eu procuro em todos Mas você sempre some Por que não aparece logo? Por que não é quem eu quero que seja? Por que me sinto só e me afogo Em tédio e cerveja?

Eu não vou me conformar

Você se afasta da política Por conta da corrupção Protesta de forma crítica Como se não tivesse opção De mudar Revolucionar Acomoda-se no sofá E desata a falar Reclamar Mas depois diz Para eu me conformar Diz que sou aprendiz Que é para eu me calar Mas não vou Lutarei, farei do grito Um rei Mudança Avança Um dia a gente alcança

A procura do sentido de tudo

Tá tudo aqui Entalado na garganta Engasgada, sufocada Perguntando de que adianta Tanto sacrifício Tanta perda de tempo O que é sucesso Ser alguém na vida O que é progresso Uma vida não vivida? Cansei Sentei Fiquei no mesmo lugar Durante horas Pensando, refletindo o que é largar Me perguntando por que demoras Pra chegar Eu te espero todos os dias Todos os segundos Pra responder minhas perguntas Para desvendar meus mundos Cadê Você Chega Logo, SENTIDO

A despedida

A dor no seio É o anseio De ir embora Partir em boa hora Sair pelo mundo a fora Este sentimento aflora E me domina Me fascina Me alucina Mas é minha sina Todos têm esse momento De despedida É um enorme lamento Pela partida Mas não tem o que fazer É seguir sem sofrer O ciclo fechou E finalmente acabou

Você não dá valor ao que eu sinto por você

Você é um menino Sempre soube disso Sem maturidade Mas com sagacidade Que raiva de mim! Fui me enfiar nesse problema Que já sabia como seria o fim Agora não tem mais dilema Eu vou embora Esse é meu lema Chegou a hora Chega de cena Você não tem limites Nem palavra Você não tem consideração Mas eu gostava De você Cansei De você Não quero mais Querer você Adeus

Sobre minhas inseguranças

Eu não aprendo Tudo de ruim Apreendo Em mim Fico na paranoia Fico na insônia Queria ser preciosa como joia Mas sou tóxica como amônia Insegurança impera Na minha cabeça Peço à minha fera Que me obedeça Mas ela não ouve Não sabe o que houve Ainda está dormindo E eu aqui sonhando Com o dia em que estarei indo Embora desta insegurança Que é minha mente Um dia ela avança Um dia ela sente O amor próprio A felicidade Não é impróprio É serenidade

Eu ainda não sei o que sinto por você

Aquele dia ficou claro A gente ainda tem um toque raro A gente ainda se entende no faro No olhar To esperando respirar To esperando aquele dia chegar O dia em que tudo se resolver Em que não precisemos esconder Nossas intenções nas palavras Nossos pensamentos Sem travas Sinto sua falta, sabe? Não sei explicar O sentimento realmente mudou Mas sua companhia é única Talvez seja apenas saudade de amar Dizem que é normal sentir isso Até alguém melhor eu encontrar Mas eu sinto que é mais que carência Nostalgia Tá pra nascer alguém que entenda Essa magia Você é único, ce sabe Só quero saber se isso aqui dentro Ainda é amor ou apenas saudade

Morada

A vontade de conversar Pode conservar Esse sentimento De querer ficar Em ti adentro E fico pra sempre

Antropossofia

Eu quero abraçar o mundo Quero resolver tudo agora Quero mergulhar afundo Desbravar o mar afora Eu quero sentir o homem Eu quero entender sua mente Por que as respostas somem? A pessoa ao lado, a falta sente Queria poder entender o porquê De tanta maldade no coração O porquê de tudo estar do avesso Tudo escorrega de minha mão Eu não tenho apenas duas mãos Tenho toda a minha mente A esperança, o sentimento do mundo Sentimento que o mundo sente O suor do meu rosto cheira A cansaço de menina Que tenta pensar na maneira De acabar com essa chacina Ainda não consegui descrever A angústia que é escrever E lá fora não conseguir fazer De imediato os meus planos Conquisto ao longo dos anos Mas a satisfação não vai por osmose Ela parece que se dilui na overdose De tristezas e desesperanças Que cansam nossas crianças Que dançam com nossas tranças De relacionamentos e vidas Que talvez já foram perdidas

Se eu tivesse tempo

Se eu tivesse tempo Eu escreveria Histórias únicas Se eu tivesse tempo Criraria Personagens inigualáveis Complexos Se eu tivesse tempo Mostraria os seus reflexos Os seus enigmas Se eu tivesse tempo Daria um tapa na cara Das pessoas dignas Com minhas palavras Com minha fala rara Com este jeito torto Você está morto, Querido pai Não é chefe da família. Esta já já cai As meninas da esquina Já tomaram de assalto Se eu tivesse tempo Falaria isso alto

A liberdade da Vadia

Antes que me pergunte Escuta Sou puta Gosto de qualquer fruta Antes que você corra Deixa que eu discorra Como sou cachorra Eu gosto é de porra Vai sair correndo? É chocante demais pra você? Acha que me arrependo De ter liberdade de querer? Eu faço o que quero E gosto Não pense que espero Já gozo Na sua cara de assustado Deixa de ser hipócrita Minha buceta tá ótima E você, todo gozado

A frustração de descobrir que você não é especial. Ninguém é.

Eu queria conseguir ser uma pessoa fantástica. Corporalmente, mentalmente, amorosamente. Eu queria ser um ser humano complexo, com fraquezas e medos. Queria ser uma pessoa com sonhos interessantes, com pensamentos longos e complicados. Mas eu me resumo a esse texto. Me resumo a vontades vazias. Me resumo a nada. Nas últimas três semanas meu combustível têm sido cigarros, bebidas e maconha. "Júlia, você foi à nova exposição do CCBB?". Não. "Você viu algum filme conceitual, interessante?". Não, nada além dos filmes de terror comerciais. Todos eles, por sinal. "Você leu algo interessante?". Quase nada. Na verdade todas vez que eu tento começar a ler algo, alguma coisa me impede. "Então o que és, Júlia?". Eu sou esse vazio clichê de classe média, achado em qualquer esquina do mundo. Beleza comum, dentro do padrão. Não converso nada de novo. O novo fica velho muito rápido, e eu ainda estou fumando esse cigarro.

Soneto da Insônia

Já dizia Chico Buarque A gente vai levando essa chama Eu ainda me lembro do parque Ainda me afogo na cama Eu leio o que escreves Com a esperança de ainda estar Nos seus poemas, não me negues Pelo menos esse direito de sonhar Eu sei no fundo a verdade Você me apagou completamente Sou apagada ao longo da idade A gente vai levando  essa rima Quem sabe ela me ensina A te apagar assim, sem maldade

Eterno

Basta um acorde Para que eu acorde Para as lembranças Me da esperanças Me lembra das danças Do destino Ah, menino Que saudade Que maldade Que é a dor da vontade Quando dizia "Te amo pra sempre" De jeito ou de outro Era verdade

Te amo do meu jeito

Não quero Despedida Não pedi nada Eu quero Você despida Você minha namorada Me inventa de um jeito Sua risada é tão gostosa A gente se gosta de peito Você é tão charmosa Eu gosto de você Só não quero me prender Quero amar sem correntes Namoro livre, como se sentes?

Meu amor é grego

Essa tensão Que veio sem intenção Que veio de supetão Me deixou cansada Ofegante Sou amante Do drama Arrogante Sua fama Me diz o que eu faço Me compra outro maço Pra queimar a tristeza Pra ter essa destreza De me dar prazer Na cama No gama No alfa No beta Muito prazer Meu nome é Poeta.

Malandragem, não dá um tempo!

Ê menino chato Marrento, emburrado Ê moleque danado Não tem nada compatível Mas me atrai de um jeito... Fora de nível Que saco, menino! Nome de santo com anjo Mas é o contrário que me fascino É uma meta De ter esse fora da reta Vou me arrepender E depois sofrer Mas vou me satisfazer

Menina morena

Menina morena Menina pequena Menina Eduarda Da pele parda Da mente vaga Srta Fraga De aparência magra E de coração gordo De um jeito chato E um beijo morno

Questões de Maio (o que vai ser do meu destino. O que vai ser de nós)

Será que penso que te amo? Será que penso que te esqueço? Será que eu me engano? Será que ainda te mereço? Vou encontrar alguém que complete assim? Um mar de amor sem fim? Mas teve fim. Teve fim? Será que ainda vai ser Que nem perfume de jasmim? Será que vai florescer Outro amor desse jardim? Que é nós dois Não queria deixar pra depois Não queria amar por engano Alguém que se engana por amar

Problema

Eu não vejo problema em tudo Tudo é problema O mundo está ao contrário Esse é meu lema Virar do avesso Ser o arremesso Da revolução de tudo Ninguém vai ficar mudo Pode deixar que eu mudo

Mês de Maio

É incrível Mês de maio É visível O meu desmaio É o terceiro ano Que se muda o padrão  Da minha vida D o meu coração Mês de maio, revolução Um ano, um fruto nasceu N'outro, um abuso ocorreu Agora, a emancipação

8 de maio

Querido, amanhã é nosso dia Não vou ouvir nossa melodia Não quero sofrer, quero ser fria Querido, quantas coisas aconteceram Nesses dois anos de amor e lágrimas Quantas vezes pensei em você Quantas vezes sonhei com as nossas páginas Preenchidas até o fim da vida Coincidentemente ou não O mundo está girando E no dia seguinte do nosso aniversário Vou sair com a garota que está ganhando meu coração É engraçado, não? Ver a vida passar assim Nunca tinha acontecido comigo Nunca tinha perdido nada Foi tão estranho, tão doloroso Mas ao mesmo tempo, são águas passadas Queria te mandar energia Queria te mandar essa magia De viver dia após dia De ver sorriso e amor De todos os lados novamente

Rato de cidade

Atenção! A tensão É uma menção Ao estresse A vida urbana É um avião Que sem área plana Só desce

Gato e rato

Corro Você sai Morro Você cai Escapa pelos dedos Como água, como areia Me deixa confusa, com medo A loucura se semeia Para com isso! Para de confusão Para de escapar Escorregar pelas mãos Tirou do sério Pra quê mistério? Sai daqui Cansei Me deixa Pausei Vou embora Desisti Em boa hora Vou partir Não tem como Acabar Algo que não começou Então pronto Fechou.

Cartas

Têm vezes que a carência bate Têm vezes que a saudade late Aí eu penso em você, em nós Rezo pra voltar, que Deus ouça minha v oz Mas depois eu percebo Já foi, né, amor? Passou Já acabou, e não tem volta Será que a gente ainda seria feliz? Quanta revolta Nós passamos Até perceber que estamos bem Até perceber que vamos além Sozinhos, tranquilos, felizes Eu sei que parece que não Eu sei que parece em vão Mas eu fico feliz por estar sozinha E ao mesmo tempo ser tão minha Boa sorte pra nós, querido Eu confesso que ainda penso Em você como marido Mas isso vai passar São memórias apenas a se lembrar..

O ato

Eu gosto do tato Eu gosto do ato Da boca na boca De ficar completamente louca Eu gosto do cheiro Da atração entre os corpos Eu gosto da ansiedade sem freio De que todos os obstáculos estão mortos Eu gosto da respiração ofegante Da falta de respiração Eu gosto do cheiro do suor Misturado com a essência humana Eu confesso, gosto do nu Gosto de ficar como vim ao mundo Gosto de me sentir livre Tranquilamente nua Eu gosto da explosão do orgasmo Eu gosto do grito do prazer Eu gosto dos olhos revirados Eu gosto da exploração do ser

Soneto da Vida (que segue...)

De tudo ao meu ex-amor serei detento Das lembranças, esperanças, Sonhos de ter crianças De tudo ao meu ex-amor fui atenta Marrenta, sonolenta Preguiçosa, maliciosa Passei de ser sua ex Para ser eu desta vez Te desejo paz, não duvide Te desejo um amor puro Como o nosso foi Te desejo o sucesso Sua vida agora, você decide Queria pelo menos te dar um oi...

Soneto da nostalgia

Ai, moreno Que saudades que eu tenho de você Coração é pequeno Mas já consigo proceder Porém, não consigo esquecer Do seu sorriso, da sua bondade Dos seus sonhos, sua ingenuidade Você passou pela metamorfose O nosso encaixe se desfez E eu me conformei em cada dose Vai ficando distante a cada mês Vai virando boas lembranças Moreno, passou o ódio e as más esperanças Só ficou o amor de quem feliz me fez

Minha guerra

Aponte A ponte Da felicidade Da feliz cidade Da estátua Está tua Mente vazia Sou guerra fria Polarizada Não tenho armada

Uma bronca de meu Alter Ego

Você deveria ser vegana Você deveria fazer yoga Você deveria ser mais flexível - corporalmente e mentalmente Você deveria ler mais Artigos, livros, revistas, reportagens ou crônicas Você deveria ler mais Você deveria ver mais filmes - interessantes e importantes Você deveria estudar mais Arte Você deveria fazer um trabalho solidário Você deveria tirar mais fotos do mundo Você deveria tirar mais fotos da sua vida Você deveria organizar mais seu tempo Você deveria saber tocar algum instrumento! Você deveria saber desenhar - se esforce! Você deveria saber inglês - se esforce! Você deveria ler mais e debater menos - Geralmente o caminho contrário não dá certo Pare de achar que não é capaz E pare de desistir antes de tentar Você sabe que consegue ir melhor na escola Você deveria terminar de ver F.R.I.E.N.D.S. Você deveria escrever um livro Você deveria fazer mais esculturas

Renovada

Já faz uma semana Que voltei a viver Ser feliz Proceder Já fazem sete dias Que não choro mais Que estou leve Que não olho pra trás Você escorreu com as lágrimas Hoje só lembro dos momentos bons O ódio se foi, e só ficou o carinho Espero que continue a ouvir os sons Da superação em meu caminho Adeus, meu amor Nosso tempo se foi E estou bem assim Comigo mesma, felicidade sem fim

Cartas ao ex-conhecido

Eu queria poder dizer que estou bem Queria poder dizer que não sou refém Da saudade Da lembrança Da nossa idade De esperança Daquela época em que a gente pensava em se casar Daquele tempo em que queríamos viajar As pessoas pedem para eu superar Acham exagero o meu luto continuar Eu vi a morte de perto E eu sei que não ia mais dar certo Não éramos mais como antes Tínhamos virado velhos E não viajantes Tínhamos virado monótonos Previsíveis Invisíveis Entre os dois T erremotos Furacões

Velejante pelo mundo

Eu não caibo mais em mim Não vejo sentido pra ser assim Eu sento Me concentro Tento me acalmar Mas tem uma voz que me sussurra "Você tem que velejar" Eu tenho que sair Eu tenho que fugir Ir embora pra esse mundo Sozinha ou com alguém junto Eu preciso conhecer Eu preciso chorar Eu preciso espairecer Eu preciso viajar Não é uma impressão É um instinto que não me deixa em paz Não há nenhuma confusão Eu só preciso ser sagaz E sair, voar, fugir Velejar

Meu amigo Léo

Ele é menino Não liga pro destino Ô, Léo Que história é essa De deixar o futuro ao léu? Te conheço desde moço Magrinho, inteligente Corajoso Claro que tens defeitos! Mas tem um caráter Tão direito Claro que você pode errar Mas vê se não tenha medo de chorar Não deixe de ser menino Mesmo sendo homem Não deixe de ter sua luz Evite algo que te consome Não deixe de sonhar, Léo Não deixe de olhar pro céu Continue com abraço macio Este é Léo Maciel

Derrota

Não tenho tempo Ocupada demais Com o autoconhecimento Com o que sou capaz Não tenho beleza Muito ocupada Com tamanha tristeza Sem conteúdo Só consigo pensar No meu ego mudo No cérebro sem ar Que mundo vasto Quanto tempo foi gasto? Eu não tenho coragem De prosseguir Estou nessa viagem Até quando vou partir? Na janela A espera Não me esqueço Quase enlouqueço É a lembrança Quanta esperança Grita, puxa, bate E dança Acaba comigo Cansei desse sentimento Lento e antigo Que não vai embora co'a razão Levasse ela contigo Não me deixasse na mão Só me deixasse o perdão Precisava bater Precisava humilhar Precisava chover Correr. Sofrer. Esperniar 

Em boa companhia

Eu fico me perguntando Por que? Por que não amo Por que não fico Por que não paro? Eu fico pensando em todos Todos que passaram por aqui Correndo, andando ou nadando Todos que pararam para me dar bom dia Todos os que ficaram para um café E outros que chegaram pro almoço Uns até dormiram Mas na manhã seguinte foram embora Em boa hora? Mal me namora E já se foi Eu fico pensando se sou pousada De amores, amizades, vontades Ou se sou caixeira viajante Que passa correndo, velejante Eu só sei que poucos me acompanharam Isso dói tanto Pessoas vêm e vão Talvez eu seja complexa demais Para seguir esse padrão Ou não.

SEXO

Sexo Coisa universal Não precisa de nexo De quatro, oral ou anal O chinês ou o indiano O chileno ou o peruano Todos transam Na rua ou debaixo do pano Procriação Diversão Paixão Sexo é padrão

Situação

É pele É osso É carne Que moço... Me derrete Me inverte Me indaga É uma adaga Na barriga No coração Posso ser amiga Posso ser paixão

Tempo

Tempo Ele que dita Sua moral Seu sinal Sua verdade Ele que dita Sua vontade Ele que dita Sua punição Sua munição Seu perdão Ele que dita Seu costume O estrume Da sociedade Ele que dita A beleza da cidade O que é bonito O que é bendito O que é sagrado O que é parado Tempo Se você está à frente Sinto muito És doente

Sentimento banal

Eu queria Eu poderia Gritar Espernear Chorar Implorar Atenção Como dói Meu coração Como dói Sofrer em vão Eu poderia Fazer um escândalo Dor da periferia Meu coração é vândalo Mas de nada adianta Ninguém me ouve Meu âmago canta Ninguém se envolve Ninguém se espanta É tão banal Ninguém quer saber Sentimento viral Me tem o poder

Vontades

Quero um seio Pra chorar Sem anseio De acabar Quero companhia Pra sorrir No dia a dia Não ver partir Quero amigo Para rir e chorar Comigo Para cair e levantar Quero cigarros Para queimar Quero alguns sarros Para rir e tirar

Carapaça

Ela dizia "Sou fria" Mas sofria

Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças

A gente se amou demais De repente acabou Não sei do que sou capaz Acho que o sangramento parou Cada vez mais distante Eu e você Eu e você Cada vez menos fascinante Você e eu Você e eu As cores não são mais vivas A memória está fraca As lembranças não são ativas Eu atravessei a vidraça Eu já fui mais sensitiva Está sumindo Está tudo desaparecendo Eu queria estar dormindo Mas estaria me escondendo Acabou Boa sorte Já chegou A nossa morte Quem sabe um dia volte? É melhor não pensar Quem sabe um dia eu solte? Eu vou me libertar.

A chuva dentro de mim

Essa instabilidade que me consome Essa incerteza que me move Que me para E choro Desmancho Desmorono Como nuvem Que chove e desaparece

Saudade

Eu me afogo em tédio e solidão Pensando em como meu coração Está em cacos Foi tudo para o saco Em um piscar de olhos De repente Acabou De repente Se foi o amor Como eu sinto saudades de você Como eu sinto saudades de nós Mas acho que não fiz por merecer Nem o tom da sua voz Como meu grito é sincero Ninguém ouve, eu espero Ninguém sabe o que eu sinto Eu acelerei e estou sem cinto Acabou um ciclo Se fechou uma fase Eu não desfiz o vínculo É preciso coragem Que eu faço sem você? Que eu faço sem teus braços? Quem me consola? Quem me adora?

O canto

No meu quarto tinha um canto Em que se ouvia um outro canto Dizia coisas que libertavam Dizia coisas que amavam Mas nada é eterno Nem seu sentimento terno A gente acha que é sem tempo Mas é muito pouco tempo O tempo é invenção do homem Este não sabe o que constrói O que te dói O que consome  - Com a ajuda e inspiração de Jão Salvador.

Poeminha da madrugada

Eu me esvaio Eu desmaio Eu vaio Desde maio Não te sinto Não te vejo Estou sem cinto Não prevejo O que acontece Me apetece Me aquece Eu me destraio Eu não te traio Eu só me saio Bem na fita Tem dias que se acredita Que está tudo bem Respeito é pra quem tem Tenho nada Desmaiada Ninguém Sai.

Futuro Inventado

Tem dias que você não existe Tem dias em que meu ser desiste De nós dois Deixo pra depois O que não vai acontecer Futuro inventado É o que eu tenho a dizer Eu desisto Eu petisco Eu arrisco O que não tenho Eu aposto O que não ganho Eu gosto Mas não apanho Meu futuro é inventado Nada vai acontecer Meu caminho é lado a lado Com o seu anoitecer Meu futuro é inseguro Precisa de atenção Meu caminho é muro a muro Com a indecisão Nada me para Nada me faz desistir De sonhar com algo Que não vai existir Eu me engano Eu dou um jeito E levo ano após ano Qualquer casa eu me ajeito Eu sigo em frente Mas pensando naquilo Eu voto pra presidente No meu próprio vacilo Por que sou tão errada? Porque não faço direito Por que sou tão calada? Porque não sei a respeito Do meu futuro Da minha vida Ela segue com furo Eu sigo com a liga Meu futuro é inventado Meu destino é calado Tudo é mistério Pra quem nada

Você ri no espelho e reflete seu caráter

Qual é o seu riso? Do que você acha graça? Qual é seu paraíso? O que você diz na praça? Por que achas que pode dizer o que quer Sem sofrer a fúria de uma mulher? Que luta pela liberdade Que luta pela igualdade Se não podes matar alguém Por que achas que pode Jogar minha luta para o além? Por que me calas? Por que não pensa no que falas? Por que falas o que vende E não o que tu compreende Que é digno É o mínimo Que faz por nós Oprimidos sem voz Respeite e logo após Desconstrua-se Você ri no espelho E reflete seu caráter Você ri pro mundo Ele te devolve um conjunto De conceitos e pensamentos As palavras têm força E sua boca é uma arma