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Mostrando postagens de 2021
Entendendo o tempo das coisas Traçando rotas possíveis  Para me levar além  Às vezes me sinto só  E isso tem me feito bem  Fazer amizade com os demônios  Trapacear os cochichos sombrios  Dos meus sonhos  Tentar não ver o que acontece  Diante dos meus escombros Lembro do foco Sigo adiante  Tento ser fria  Mas sou radiante
Rabiscos na pele que beijo  Como pode Haver tanto desejo  Naquilo que nunca foi dito?  Olhares que se atravessam  Por anos Sem uma única palavra Sem um único som  Eu costumo ter esse dom  De desejar o mistério  Mas não leve à sério Tudo aquilo que escrevo  Soluço formas de me expressar  Perco nos olhares a fala  Não sei onde olhar  Viro o pescoço  Ao oposto de onde você está  Mas um cafuné me desmonta E eu derreto no seu xamegar  Acontece, né?  Essas coisas de repente Que nem são tão de repente  Mas quando bate na gente  Tem força, ritmo e rima Você é pandeiro Eu, repente Como que pode  Isso que acontece  Quando na pele se sente Tudo aquilo que imaginou  Tenho a leve impressão  De que será melhor  Do que tudo aquilo  Que já se sonhou Seguimos então  Para o desconhecido  Servindo de abrigo  Pro coração aberto  Que você já fisgou 

ânsia

Olhos imersos  Naquilo que ainda não houve Corações cobertos  De hipóteses abstratas Não ouvem  O real barulho do agora Pedindo por favor Sai mundo a fora Sem medo  Descobre o sabor  Com os próprios dedos Sustenta o que não sabe A partir daquilo que tem  Tenta ser mais forte Pra conseguir ir além  Não que não exista hipótese  De felicidade  Mas enquanto não se sabe a verdade Melhor trabalhar pra comer mais tarde  Entenda que sua energia emana E que independente do seu controle O que é teu vai vir com força Profana 
Acordei do seu lado  Bêbada de sono  Completamente perdida Entre seus beijos e corpo  Tão bonito Firme  Era como se eu já conhecesse tudo  E estivesse disposta A te reconhecer  Quando meus olhos encontraram os teus Verdes, vividos e sinceros Senti absolutamente tudo parar Tempo, sistema cardíaco e respiratório  Eu ia me perdendo entre boca Língua e pele E me encontrando no sorriso  Naquilo que se segue  Quando o toque vem  No corpo rabiscado  Me rabisco e arrisco  Sem saber o resultado  Difícil dizer  O que fazer com tamanho  Desejo, dengo Talvez seja místico  Talvez seja acaso  Talvez seja isso  Tudo junto e misturado 
Quando olhei nossas sombras no chão  Pude me reconhecer  Seu toque no meu cabelo  Me fez derreter  Não que este poema tenha Compromisso com o amor  Acho que cansei, na verdade  De leva-lo a sério  Depois de tanta dor  Sempre achei que o amor  Era coisa que se ardia Sem se ver  Mas de tanto me queimar  Percebi que não tinha entendido  O significado desse ser Duvidoso  Livre  Sem freios  Antiético  Histórico  Antropológico  Acho que bicho humano  Não ama Vai observando outros bichos  Tristes, frustrados, com medo Sentindo coisas por alheios  E chama de a m o r Mas aquilo foi completamente Indolor Foi calor Que deu cama pra farra Sono  E sonho com real  Tipo bem a gente memo Compilando um pouco de realidade E 70% ficcional

Desistir não é opção

 Desistir não é opção  Mas persistir também...  Não é todo dia que é Disciplina, trabalho  E remuneração  Às vezes bate o desanimo  O cansaço  Percebi que quando é assim o jeito É fazer tudo a dois por hora Preciso cuidar do corpo É...  Mas pra isso preciso de mente Dinheiro  E estoque Sabe como é Preciso cuidar da mente Verdade...  Mas pra isso preciso de  Profissional  Ajuda  E vontade Desistir não é opção  Mas por que  Tem que ser sempre na contramão?  No aperto No sufoco  Espera mais uns dias Que já pago  Dou o troco  E fico zerada de novo  É foda...  Desistir não é opção  Porque a luz lá no fundo  Tá pegando fogo  E eu sei que sou eu Que vou me tirar desse poço  Aos poucos Com muitos  Aos poucos  Com muitos
Confusão tem nome E é o meu  Tem corpo, alma e some No meio do breu  Confiança tá escondida Sem saber quem é  Procura de alguma forma A saída A resposta pra dar no pé  Como posso convencer os outros De um potencial que existe em mim  Se nem eu entendo Enxergo  E vou até o fim  Como posso esperar Reconhecimento  Se olho no espelho  E sem saber quem sou Lamento  Como posso fazer arte Se estou fugindo  De fazer minha parte Rezo a Dionísio  Por favor me de juízo  Me livra do prejuízo  Me ensina a ser abrigo Saber o caminho E seguir Esse caminho é meu  E vou sozinha Só depois de me encontrar Vou entender a companhia   E encontrar felicidade  Numa vida mais de um  Por enquanto é foco Trabalho, persistência  E auto amor no auge do zoom
Vazio que não encontra  Lugar pra desaguar  Redemoinho dentro do pote  Pronto pra estilhaçar  Me sinto tão perdida  Sem saber como partir  Só queria um ombro  Um carinho  Um apoio pra seguir   Sinto que nunca mais Vou sentir aquilo que senti  Sinto que a paixão e o amor Não vão mais me invadir  Minha cabeça ecoa  Tantas incertezas  Enquanto isso vou andando  Viro camaleoa  Me encontro em outra beleza  Preciso tanto tomar um rumo  Um prumo  Pra tudo sair do lugar  Tô endividada  Precisando de lar  Não sei o que fazer  Me envolvo com pessoas Sem proceder  E durmo no vazio  Pensando no que foi  Será que é possível  Ainda existir  Uma sensação  De suspensão  A dois?  Me sinto desejada Cobiçada Em contrapondo completamente quebrada  Sem dinheiro  Desestruturada  Por que as pessoas sempre preferem  Aquelas pouco fundamentadas? 
Como pode Logo depois de uma noite serena A alma ficar tão pequena Dar um nó  Sair de cena Ficar só pó  Chega a dar pena Como pode Fugir da lógica O que o coração sente Sair de órbita  Ser tudo quente Que queima a própria  Retina  Menina Que sina Ficar por aí servindo Ao invés de virar  Sua própria doutrina Deixe de pensar  Naquilo que só com o tempo Pode passar  Comece a realizar  Aquilo que irá transportar  Seu presente ao futuro De forma interestelar 
Abracei uma foto nossa Como quem pede pro momento  Se eternizar  Pra além da lembrança  Eternizar a sensação de alegria Que sinto do seu lado  Leveza, confiança  Como se tudo pudesse estar acabado  Ainda teria esperança Acho tão curioso  Que eu sempre escrevo pra você  E não mostro  Se mostrar não tem graça  Se eu te mostrar a minha percepção sobre nós  Já não vai ser minha  Vai ser nossa  E jogar uma percepção  Pro outro  É esperar que o outro lide com tudo isso  E nem eu sei lidar com o que sinto por você 

24

Comecei o dia acordando mais cedo do que o normal. Saí de casa e andei pela cidade como se quisesse engoli-la. Acho que quis. Sempre quis engolir a cidade. É difícil dizer a forma como a cidade me afeta. E afeta.  Passei pelas ruas habituais que costumo passar ao sair de casa. Fui à Paulista. Comi um fast food com a vista privilegiada do cruzamento. As pessoas correndo, andando, conversando, rindo, se abraçando, vivendo na rua. No espaço público comum chamado avenida. Desci a Brigadeiro, tomando um Milk Shake de chocolate. Fumei um no parque. Vi o lago. O lago é bonito. Tem esse poder de ficar parado. E bonito. Diferente de mim que andei andei e andei, como se tentasse encontrar comigo mesma numa esquina. Numa brecha da rua.  Numa brecha do espaço em comum com o outro. Encontrar o Eu.  Usei o banheiro público. Ele estava em reforma e não tinha luz. Depois de mais de um ano usando banheiro privado, estar numa privada pública nunca foi tão simbólico. E cagar nela no escuro no banheiro em

17.09

Tentando entender  A minha própria dimensão  Efeito borboleta que não  Se percebe à luz natural  Tentando, finalmente Caber em mim  E Tentando entender que isso  Não é ruim  Enfrentando meus medos Aqueles que disseram que  O caminho não era possível  E a mim mesma que acreditei  Me enfraqueci Me enfrenta, amolece  Não mais  O jogo vai virar  Já está em percurso  Não desisto até lá  Sigo a todo custo 

Fresta

 Quando se abre a boca  A tampa A porta A fresta do desejo Tudo muda Tudo paralisa Tudo se estende Tudo estabiliza Ou não  Sai do eixo Estremece  Fecha o queixo  Se não engole O que não deve!  Deixa de ser medrosa Para de ser teimosa A vida tá aí  Tirando a prova Vendo se cê aguenta E agora, bem agora Vem perguntar se senta?  Ah, para Levanta Para de sonhar A realidade tá aí  Vê se vai pegar Vê se se adianta Tá muita coisa acontecendo E você brigando por planta Respira Faz  Envia E fala a verdade Sem medo  Sem baque Sem arrependimento Só ataque A vida que aguarde VAI! 
Penso  Denso  Suspenso Tudo o que vivi até então  Será que foi só ilusão?  Tudo aquilo que abrigou no coração  Será que só foi sinapse da situação? Tédio da imensidão  Falta do que fazer com a paixão  Trago de maldade criado por precaução  Modo de dizer ouvido de antemão  Passo rápido na contra mão  Será que foi em vão?  Tudo aquilo sentido no ralo  Esparramado no chão?  Tudo aquilo gastado  Despedaçado  Aberto em prontidão?  Toda a sinceridade posta à mesa Retirada logo depois da sobremesa Lambuzada, tamanha tristeza  Esquecida depois na baba da seda Queimada com as ideias  Boladas junto com as certezas 
Divago Pensamento Fumaça  Divago  Entre a terra E o espaço  Eu nado Vou em todos os lugares  Já habitados por meu cérebro Divago além do tempo  Possibilidades políticas  Divinas  Sem critério  Faço de conta que é natural  Me perder dentro de mim  Sem saber voltar pro caos Resolver meus problemas pra mim 

Manifesto de libertação e emancipação da Lua

Aos que dizem que sou uma mulher de fases, lhe digo que esta concepção é extremamente antiquada. Aos que dizem que sou romântica, sinto em decepcionar. Eu sou um corpo celeste livre, que apesar de vocês dizerem que sou um satélite da Terra, que não tenho luz própria e que minha existência se resume a rondar e servir outro corpo, eu existo para unicamente satisfazer a mim mesma. Homens já me invadiram e tentaram marcar território. Tentaram me descrever em músicas, filmes e novelas- em vão.  Vocês se frustram comigo pois sou indiferente demais a vocês e não me importo em esbanjar minha beleza no registro. E aí vocês criam meios tecnológicos para me captar, fotografar e estudar. Sei que vocês não esperavam por isso, mas não. Eu não necessito da luz do "centro do universo" para existir. Vocês que necessitam e dela para me desejar. Eu não influencio as águas para ajudar vocês. Elas que me procuram como forma de proteção. Vocês também não dão valor a elas.  Me deixe ser corpo livre
Eu quero mergulhar em você Me perder entre cabelos, unhas e dentes De repente pude perceber Que é aí que o amor se faz presente O amor está nos nossos corpos Unidos nus, selvagemente Ou dormindo, na calmaria (28 de fevereiro de 2018)
 A habilidade  De transformar  Todas as minhas fraquezas Em literatura Sem me preocupar  Com a qualidade  Ou veracidade Das informações A habilidade De chorar por dígitos Caracteres habilidosos Que formam palavras Imagens, sentimentos Às vezes saudosos  Às vezes nervosos  Pedido de socorro Em formato de poema É uma carta de ajuda Literária
A lógica não justifica a repetição  Padrão  A sabedoria se perde  Entre o que seria  Subjuntivo  Tão subjetivo  Que chega a se perder  No ar  Onde quer que eu vá  Acontece  Quem quer que seja  Repete  Irresponsabilizar o outro  E ser gentil comigo mesma 
Quero te dizer o que realmente acontece Quando dois corpos se cruzam  Através da mente Não importa a distância  Tudo se sente Através do olhar  Não importa a fragrância O olfato se instiga  Por cada piscar  Através do toque Meu bem, preste atenção O silencioso não dá conta Do meu estoque De vontade, tesão Cada palavra não dita Cada expressão deletada Cada imagem compartilhada Molhada Inunda tudo  Afundo Quero te dizer o que realmente acontece Quando desejo Sem medo Receio  Me veio  No meio da noite A vontade da língua Na pele No meio da mente Do dia  Que agonia Não saber o que dizia  Antes de me entender Quem sabe, cabeça vazia  Oficina pra me envolver 
O cansaço do corpo  Máquina analógica do movimento Não deixa mais o sorriso se curvar Pra cima Gravidade traz a gente De volta Os olhos caem  Em frente Ao teclado  E esse poema termina como começou  Cansado 
Eu queria roçar meus pés nos teus Debaixo do cobertor  Enquanto durmo um sono tranquilo  Daqueles que a gente se mexe pouco na cama Acordar do teu lado Preparar um café  Te ver dormir  Uma imagem de paz que queria ter Poderia dizer que  Gostaria de acordar contigo  Me abraçando de costas  Beijando do pescoço até o ombro  Mas é que sempre acordo primeiro  E tenho tentado ser realista até  Nas minhas expectativas ilusórias  Queria ouvir tua voz Tão bonita  E olhar nos teus olhos  Que nunca vi  Só pra poder saber como é  Estar de frente  E sentir meu peito quente  Por saber que você não é apenas  Um acumulado de algoritmos  Que aparece na tela e desliga De repente  Talvez eu seja um pouco sonhadora demais Iludida demais  Mas é que todo esse tempo sozinha  Tem tirado a minha paz  E me refugio nas fantasias  De ser sua Só por um instante  Só pra dormir tranquila 

Vício

Quanto mais eu uso  Mais eu fico triste  E quanto mais fico triste Mais eu uso  É um ciclo vicioso  Nessa tentativa de preencher  O vazio Que alimenta o vício  Vício  Daquilo que não se vive sem Ou a gente acha que não vive  Daquilo que se sente e vem  Toma tudo, fica estático  O corpo todo pede  Mais Mais  Mais  Eu não aguento mais Relação bidimensional  As paranoias já tomaram toda a minha cabeça  O vazio vem Toma conta E você fica fugindo dele  Caçando aplicativo  Pulando de uma rede pra outra Descendo a timeline  Sem nem ler nada  Pula o textão  Pula a foto  A selfie O pedido de ajuda Pula Pula  Pula os stories  Pula qualquer tipo de conteúdo  Que fixa  permanece na mente  Nada permanece As relações nem existem mais  Você não consegue mais ter uma conversa. De verdade Cara, de verdade, não é que ninguém tá nem aí pro seu problema  É que tá todo mundo realmente lotado de problema  E aí o seu problema Não cabe mais no ouvido do outro  Que tá pulando tudo sabe?  Seu storie  Seu áudio

E ai, tudo bem?

  E ai, tudo bem?  O que se responde a essa pergunta? Acho que o aceitável já se perdeu no real… Não sei. O que é estar bem? Em 2021? No Brasil? É uma pergunta retórica? Sarcástica? Desses ditados que se dizem lá sem saber de onde vem? É isso?  Ultimamente, tem sido a função de recenseadora que tem me fornecido a renda. E não só renda mas belas histórias também. São quase 100 ligações diárias, conversando com desconhecidos, de outros lugares do país. Esta frase “Alô, tudo bem? Boa tarde. O meu nome é Júlia…” tem sido algo tão repetido que uma vez, ao falar com minha avó pelo telefone, repeti o script automaticamente. Me confundi, a palavra perdeu sentido, quando repete muito para de fazer sentido. Entende? E acho que se perdeu entre ois, tchaus, beijos e likes. Gosto de estar esperando uma ligação, e cair no engano. De todas as ligações que faço no dia, as que são engano são as que mais gosto. Principalmente aquelas em que o engano é a voz de uma senhora. Que imagino logo na cozinha la
 essa tristeza é tão rasa nada rara talvez eu esteja mesmo  excedendo apenas a mim mesma exigindo algo dos outros  que só eu vou poder fazer por mim cuidar
Tenho, nas minhas pausas de trabalho, aproveitado pra escrever. Não que eu saiba, na verdade, o que quero escrever. É que é nas pausas que a gente percebe o vazio, sabe. O vazio que tem na gente. E aí a gente usa a pausa pra preencher o vazio com redes sociais, conversando com alguém que você acha  que tá afim etc etc. A real é que a gente não tá afim de ninguém. E nem quer mexer em redes sociais. Então tenho me proposto a preencher esse vazio escrevendo.  A real é que nunca foi sobre estar afim de alguém  Mas sim sobre eu usar um interesse Por outra pessoa Para sabotar minhas obrigações NÃO Não vai acontecer de novo  SENTIR QUANDO ESTÁ SE EXCEDENDO  RESPEITAR O SILÊNCIO DO OUTRO IR FAZER OUTRA COISA  NÃO INSITIR  Aos poucos tenho percebido os sinais E tenho tentado ficar bem  Ainda vacilo, confesso  Mas to tentando  Não vou mais mandar pra ele coisa desnecessária. Por hora falar apenas sobre trabalho. Não mudar comportamento, nem fazer jogo. Apenas evitar se exceder, e estragar tudo..

pedra

Aos poucos acho que estou conseguindo  Mover de forma lenta  Esta pedra gigante  Que eu instaurei no coração  Aos poucos estou vendo  Outras possibilidades De vivência  Interpretação  Da experiência  Que antes era tudo  E agora virou parte  Do todo que compõe  Meu ser em expansão  Registro minha aflição Meu erro Em composição  Me observo empenando Quase tombando para o lado  De tanta pena e esforço acumulado  Para escapar do vazio que é perceber  Estar no mundo  Estilhaçado  Sem propósito  Dói né  Perceber que o mundo não nos deve E no final ninguém se importa  Mas isso é combustível Pra viver sem culpa Só com anedota 

Moinho

Remoer  Remoer  Remoer Até o sentimento virar pó  Até virar matéria de outro lugar  Até virar opção de espaço  Fala e olhar  Remoer  Até ressignificar Até fincar  Até ressignifincar o sentimento Moído Dilacerado  Remoer  Até virar água Choro Mágua  E gozo Depois que se remoe Se extrai o que corrói  Depois que se remoe  Se faz de doida Reconstrói  Depois que se rumina  Grita tipo crazy  Faz tua sina  Remoe  Remoe e moe Em mim  Esse sentimento que não tem fim Acaba comigo  E faz de abrigo Minhas paranoias Que se vão no mar  E voltam em bóias Não consigo afogar São como jóias  De papelão  Foi tipo isso Que aconteceu com o coração Se juntou com tudo  Com a tripa Com a dor do mundo  E foi moído  No meio de tudo  Tá decidido  Virei escudo  Tá tudo partido  E recluso  Em mim.
Peço desculpas a todas as pessoas que magoei um dia  O pior de magoar alguém é magoar sem saber Ou pior Achando que está certa  Dói no pós Quando a gente percebe que  Também teve responsabilidade  Que as coisas aconteceram assim, meio confusas Como sempre são pra mim 

Telemarketing

Gosto de estar esperando uma ligação  E cair no engano  De todas as ligações que faço no dia  As que são engano são as que mais gosto  Principalmente aquelas em que o engano  É a voz de uma senhora  Que imagino logo na cozinha lavando os pratos Fazendo comida pros netos Eu gosto desses enganos Esbarrar com vozes aleatórias Que não ficam ao ponto de se formar Identidade São vinte segundos no máximo  Em que se fala "foi engano"  E depois se perde por toda a tarde Num mar de cabos óticos e ligações Sonoras Que me embalam no mundo íntimo Da senhora

O dia seguinte

O dia seguinte pós liberdade está sendo esquisito  Ainda me sinto cansada, sem energia. Como se houvesse algo sugando tudo aqui  Minha energia, auto estima, amor próprio.  Como pode nossas palavras terem tanta força  Ao ponto de virar um ser próprio  Ser este que em mãos erradas podem se virar contra você  Podem fazer você se sentir pequena Pequena por ter criado algo tão grande Algo tão forte Eu sei  Fizeram você se sentir culpada por ter criado algo  Revolucionário  Pro mundo? Talvez um dia Mas revolucionário para você mesma Para quem você é  E pior ainda Foi o seu erro de permitir Permitir que as pessoas fizessem isso  Com você Seu trabalho  Sua história  Sua vida Achar que elas tinham direito Alimentar este ego Alimentar este conceito Tão errado Sobre sua própria obra Se erga, mulher! Olhe pra o que você criou Sinta aquilo que te motivou A escrever Se lembre de quem você era Antes de tudo isso Se lembre de onde você estava E quem você queria ser Seja forte Se imponha E nunca mais d
Tenho tanto medo  De ser injusta com as pessoas  Que acabo sendo injusta comigo mesma  E quando imponho alguma vontade  É sempre no momento errado Em um momento em que eu serei  Sacana Egoísta  Injusta Eu só queria ser livre pra fazer o que eu quiser. 

deixa

Me deixa  Me deixa ver através de você  Me deixa te abraçar até você sentir Tudo desaparecer  Até eu sentir Tudo se suspender  Me deixa?  Me deixa te ver  De perto Testa com testa  Me deixa te ver coberto  Sem nem uma fresta De corpo  Coberto de lã Coberto de lá  De onde não vim  Me deixa te ver?  Me deixa ser  Contigo  Me deixa ficar  Não faço nenhum ruído Te abraço  Perco o compasso  Me embaraço  Engasgo  Não é isso que ce tá pensando  É que quando o coração fala, eu não racionalizo  Eu só ando  E aceito  O que veio Me deixa?  Aceitar isso e conviver  Me deixa ficar  Mesmo que não seja pra ser Do meu jeito Meu jeito... Que egoísmo dessa gente  Achar que amor é sobre o que a gente quer E não sobre o que a gente sente  Mais fácil aceitar Do que remoer, repudiar  Não tenho do que me envergonhar  E nem preciso me preocupar  Se vou ou não incomodar  Porque amar é sentir  E partilhar  Não preciso nem quero  Ocupar outro lugar  Que não seja aquele que você acha melhor Em sua vida me colocar

Conquista

  Carrego comigo incertezas que um dia me queimaram viva. Hoje são brasas que talvez ajudem a acender um cigarro. O tempo ajuda a desproporcionar as coisas. Ou dar a elas a proporção que lhes cabe. Olho pra trás e penso que apesar de todas as dificuldades, com certeza ando melhorando. Ter que mudar a rota de um segundo pro outro não é fácil, mas quem sabe assim eu percebo qual é meu verdadeiro caminho. A verdade é que o caminho é sempre o mesmo, só muda o cenário, o figurino, o elenco… O estúd  io é sempre o mesmo, a câmera é sempre a mesma e a artista… bom, essa é sempre a mesma de carne mas nunca a mesma de mente.  Tenho pensado, dessa vez com menos ânsia no coração, nas conquistas futuras. Traçado rotas, dessa vez mais maleáveis, mas nunca fracas. Haste fina que verga, mas não parte. Corta, mas não mata.  Tenho entendido melhor os meus erros e tentado me odiar menos por eles. Tenho escrito mais sem medo, como estou fazendo agora. Sem a necessidade constante de acertar. Cansei de que

sétimo pecado

Será que eu posso invejar?  Será que eu posso, por um segundo, sentir inveja do outro?  É muito mal caratismo?  Cruel?  Cruel é fingir que não sente Da termo racista pra amenizar sentimento  Onde já se viu? Inveja ter cor?  Onde ja se viu sentimento ter moral?  Você sente e pronto  Acabou  O que você faz com ele Outra história  Eu sinto inveja sim  E daí? Vai fazer o que?  Me olhar torto? Tá é com inveja de mim Que assumo isso e tô nem aí  Porque eu sou humana  Não sou Santa Nem beata  Tento ser justa Mas ser justa pra quem? Eu abro todo dia  O aplicativo  Da rede social da Inveja  Em que todos postam sobre sua vida Mas é só ter o ego ferido que já vem  "Cuidem de suas vidas ..."  "Onde a inveja não faz morada" Eu invejo mesmo Eu rolo tela abaixo  E almejo teu trabalho  Tua mulher  E até tua comida  Se você bobear  Se você postar  Eu vejo  Se você postar  Almejo  E se não quiser que não vejam  Fica a dica  Não posta E se eu quero ser você?  Também não  É que a invej
Hoje eu vi  Nosso vídeo  Dançando forró  Lembrei do riso sincero Que sempre dividimos  Juntos  Bateu saudade De te olhar no olho  E querer teu melhor  Bateu saudade  De deitar no seu ombro  E dividir a frustração De se estar na pior. Seu caráter  É algo que não me questiono Eu só preciso de espaço  Pra saber lidar com aquilo  Que me causa tristeza  Que me tira o sono  Quero entender seu passado  Estar no teu presente  E planejar contigo o futuro  Mas preciso te dar espaço  Para ser quem vc é  Ser imperfeito e amoroso  Priorizar teu bem estar E estar em sua companhia  Aquilo que você tem de mais valioso 
Talvez eu esteja em constante delírio  Onde invento relações na minha cabeça  "As cartas não erram"  Você mesmo disse  Mas acho que levei isso a sério demais  Sentimentos são tão confusos Tenho dificuldade de entender os meus Quanto mais os alheios  Você carrega no olhar a doçura  Que existe dentro  E confesso que por muito tempo achei  Que fosse suficiente  Mas às vezes suas palavras são amargas demais Doem  Machucam  Eu quis permanecer  Acho que querendo ou não  Somos nossas únicas companhias  E demorei tanto tempo pra tomar coragem  Porque sabia que seria difícil  Me afastar Da pessoa que mais gosto  Mas também da pessoa que me magoa

Uma carta de pedidos

Que a vida me dê sabedoria para lidar com minhas frustrações.  Me de autoestima para não me importar com todas as opiniões  Que me dê humildade para saber quais delas ouvir  Que me dê auto-confiança para a minha liberdade construir.  Que eu consiga ignorar meus medos  E não desistir dos meus sonhos  Que eu tenha em vista  Que as coisas são passageiras Que eu perceba que nem sempre  Eu preciso estar bem, ou certa Mas que também eu valorize  Quando assim estiver  Que eu devolva aos meus tudo aquilo que me foi dado  Que eu seja grata, mas não culpada  Muito menos endividada  Que eu pare de me comparar com os outros E comece a focar na minha própria potência  Que eu agarre as oportunidades que me vêm  E que eu saiba libertar aquilo que não me convém 
Às vezes queria poder amar sem precisar Definir a maneira que amo  Caixas que não me representam  Limitam meu sentimento
Lidar com aquilo que não se é  É a coisa mais difícil de se ser  Sofrer por uma dor involuntária Causada pelo acaso  Sem alguém responsável  Tento ouvir o que o destino  Me sussurra de modo tão ilegível É estrangeiro dentro desse coração  Latino e sensível  As cartas me disseram  O que está extremamente camuflado  Na imensidão da incerteza  Das complicações que a vida nos impõe  É tudo muito complexo  Pra se dividir em antes e depois  Sim ou não  É ou não é  É uma mistura imersiva num sentir  Que não se defini na palavra  Que se constitui nas ações  Do que não foi dito 
Preterida  O pretérito  Perfeito  De preferir  Aquela que foi deixada para depois  Aquela que foi colocada numa situação  A dois E ficou um  Só um  Largo momento aquele  Em que disse o que sentia Dentro da rede social  Dentro das minhas completas E sinceras palavras  Manancial  Córrego imperfeito  Acumula lixo no coração Medo da imensidão  De se sentir algo  Que não virá de volta Da mesma maneira Eu queria conhecer Dois seres humanos  Que se amaram exatamente do mesmo jeito  Um o outro A mesma quantidade de gramas, miligramas Quilos Litros Mililitros Gotas de amor Sem tirar nem pôr Eu queria conhecer alguém que me dissesse  Aquilo tudo que queria dizer Mas que não sai da boca Por que é difícil  Ouvir o eco do amor solo 
Me entretenho enquanto mergulho profundo  Nesse sentimento ilusório  Abstrato  Incerto  Faço de conta que não é comigo  Que não ouvi  Que não estou perto  De me machucar  Toda vez que saímos na rua  Corremos o perigo de nos machucar  Toda vez que estou na tua Entendo que é muito mais complicado  Do que parece Falar 

mel

Quando me encontro Com seus olhos  Cor de mel  Me melo com toda a doçura  E me pergunto  "Será esse o homem da minha vida?" Mas depois  A dúvida me invade  E meu coração indaga Se existe essa  De pessoa pra vida  Se amor e posse  São tão antagônicos  Explica bastante O porquê de estar ao seu lado  E me sentir numa travessia  Onde eu encontrei a melhor companhia  Para encarar tudo 
Por mais que me esforce  Pra fazer o certo  Me vejo a todo momento  Fazendo o errado  Ouço de todos Que não fiz o suficiente  Que não estou coerente Cansada  Meu choro parece vazio  A culpa toma tudo  Todos  Eu inteira  Da cabeça aos pés 

meu barco navegou e agora segue mar aberto novamente

Quando eu encontrei a marinheira  Dos mares confusos Senti o gosto salgado na boca Daquela navegação do passado  Mas junto disso Veio o amargo  Da mudança de estações  E dos ventos do novo  Que bateu em meu rosto  E sussurrou nos meus ouvidos  Aquilo que não conseguia ver  Quando me encontrei  Na rua no sereno da noite sob olhares masculinos maldosos Me sentindo cansada e sem prumo  Percebi que mais uma vez Estava escalando montanhas  Para ver aquela que nunca saiu do mar Quando conversamos  Sobre nossas trajetórias  E juntas trocamos a serenidade  Do vazio que a vida nos deu Percebemos que o sentido  Sofreu mutação  E que aquilo que machucava  Provocou corte profundo  Hoje faz uma leve cócegas  Sobre o rosto coberto de máscara  E diz que independente do futuro O presente já deu o melhor presente:  Maturidade