Às vezes penso sobre a liquidifiquidade das relações. O amor é dessas entidades que aparecem quando não se vê e vai embora sem que se possa ouvi -lo dizer adeus. Ele detesta despedidas. E quando a gente percebe que já se foi, a dor já está instaurada. O sangue já vaza do peito e se mistura com as lágrimas. Se inunda tudo no ambiente. E aí existe o vazio da partida. Mas por que? Por que acreditar que o vazio do outro se preenche com uma pessoa?
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Mostrando postagens de agosto, 2020
quem descobriu o Brasil não foi Cabral
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Aqueles que cantam liberdade E lutam por ela E andam com ela E pegam a liberdade Enfiam guela abaixo dos Tidos como prisioneiros E batem com liberdade E dizem que estão salvando o mundo Que silenciam com a liberdade E dizem que é ingratidão alheia E enriquecem com a liberdade E gozam da liberdade Tão pálida Tão binária Tão do mesmo Não quero a liberdade que me da medo A liberdade que sufoca Que machuca A liberdade do outro que não é minha Não sou grata pela liberdade Que só é livre quando lhe convém Não sou grata pela liberdade que Segrega Culpabiliza Cala Eu não tenho nada a ver com essa liberdade Tão branca Tão máscula Eu nunca quis ter herói Eu nunca quis que me dessem A possibilidade de ser livre Porque me dar isso É tirar de mim a liberdade Que nasceu comigo E introduzir o que você me diz que é Mas que tem grades Cautela Medo Não preciso, obrigada.
uma carta de amor ao meu imaginário
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Me afogar em mim mesma até descobrir todos os macetes. Me reduzir a pó, para ser fênix em algum momento. Ser a melhor companhia que poderia ter. Ficar triste por não ter percebido isso antes. Relembrar de todos os momentos em que coloquei a mim mesma num lugar que não colocaria nem aquela pessoa que tenho antipatia. Criar uma simpatia ímpar pelo meu ser. Nunca antes vista. Entender o processo de autofagia como cura e reconstrução. Na verdade a maior construção antes feita. Estar numa obra interna intensa demais para querer ver gente. Estar tão dentro que se diverte no próprio imaginário. A ansiedade de dormir para sonhar com aquele universo que só existe na própria cabeça. Ser. Unicamente ser e ter a arte como maior companhia. Esse imaginário esteve aqui o tempo todo. Mas estava ocupada demais querendo agradar os outros. Com elementos que nem são genuínos. Como saber agradar se não sei nem muito bem o que me agrada os olhos, ouvidos e coração? Torcer para conseguir escrever o que me ve
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Sempre quando penso em te mandar mensagem Algo de mais interessante me surge Na cabeça Para eu fazer Acho que estou meio farta De tanta ideia torta De tanta web-carta De tanta coisa que foi imaginada Numa mente Cansada de tentar entender O amor e a vida Tô cansada de me sentir preterida Partida antes da chegada É dada a hora de se retirar Antes do início da chuvarada Dos olhos Pego meu barco e vou navegando Nas águas que já escorreram Me molho E percebo que preciso fazer diferente Mudar o trajeto Mudar por completo
impermanência
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A impermanência Pulsa O impermeável Expulsa Você daqui Eu daí Parou Congelou-se mais uma vez A impermanência Permanece Se senta E pede um café A impermanência Se diverte Se inicia e novamente Está de pé Registro o momento Do aqui e agora Como quem necessita Do movimento De cair pra fora Mais uma vez não acertei A cesta do coração Nesse basquete que pulsa E não expulsa A solidão Pum pum pum A bola salta no chão Dê aqui um zoom No que há na palma da mão O sentimento amassado Prestes a ser arremessado E quem dirá a ele Se está certo ou errado? Mais uma vez nesse jogo De eterno emaranhado E solto estado Mais uma vez na questão Do que é ou não ser amado