Postagens

Mostrando postagens de junho, 2023
Os pares de pés  Cobertos de edredom  Se esfregando ao som do jazz Bom caminho pra um sonho bom  Sua boca na minha nuca Os braços na minha cintura  Sinto teu gosto dormindo  Acordo com os seus lábios nos meus Viro de um lado pro outro Pego uma parte do seu travesseiro  Que você sempre rouba  E diz que não percebe  Te percebo nas entrelinhas  Dos olhares e suspiros  Sinto você dormindo  Como se entendesse o local certo  Meu corpo descansa com o seu  Coberto apenas com um manto  Não sei porque existe tanto espanto  Em perceber que eu e você  Somos uma dupla e tanto 
Adaptada às suas curvaturas  Meu corpo em caixa nas suas loucuras  Quero mergulhar fundo na tua doçura  Como seu olhar desmonta a minha postura  Pura  Deveria gravar o momento de ternura Você dormindo em mim  Eu com a cabeça nas alturas  Aventura Se permitir sentir  Do tato da pele  À pupila dos olhos  Respiratura  Do latim manter a vida em conjunto  Sentir o ar que fica quando o assunto  Envolve eu, você e tudo junto  Moldura  Eu, você, num limbo abstrato Posando pro retrato, no ato  Fingindo que não há nada de fato Que nos atravessa tanto quanto o exato Sentimento do recíproco no tato
Quando eu to com você  O mundo fica tão pequeno  Só cabe a gente  Como se fosse linha no feno  Como se fosse água ardente  Tudo se entrelaça  Tudo se sente  Você dormindo ao meu lado  Entrelaçada em mim  Me faz pensar no passado  Agradecer por ter apreciado o fim  Um começo tão genuíno  Com direito a amores crescentes  Músicas que viram hino  E corte fino  Naquilo que é nocivo  Naquilo que não é mais presente Apenas um fato que já se deu por vencido  Coisa do destino  Virar sentimento grande  Que toma coração, estômago e intestino  Depois de um tempo, se expande Coisa de menino  Que quando criança brinca de amar  E depois começa a acreditar
Tento constantemente ser uma mulher independente e forte. Mas no fundo, nos momentos de angústia, sou apenas aquela menina de 5 anos esperando o pai chegar. E um dia ele não chegou. Sou apenas aquela menina querendo falar com a mãe que está brava com ela, e faz castigo de silêncio. Eu sou aquela menina. Eu ainda sou aquela menina. Que tem medo de a pessoa que ama ir embora. Que tem medo de ser ignorada porque fez uma besteira. Eu sou aquela menina. Que não entende por que tem tanta dificuldade em amar.  Parece que amar é um defeito forte que fui fadada a ter. Eu ainda sou a criança que tenta agradar a tudo e a todos para assim ser amada. Eu ainda sou a menina que não quer ficar sozinha. Eu ainda sou a menina que sente o abandono na pele. E no coração. Eu ainda sou a Júlia de 5 anos. E eu não consigo mais negar isso. Nunca vai passar. 
Existem tantas escrituras dentro de mim.  Dessas empoeiradas, calcadas no esquecimento Fixadas com cimento  Tento tento tento Mas ainda me sinto jogada ao relento  Como se não tivesse fim Tanto tormento  Me sinto tão encolhida Toda vez que vejo  Que estou envolvida Com este desejo Me sinto tão pequena Ao perceber que te afeto  E aquilo que era pra ser só um esquema Tá virando uma estrutura de concreto Firme E eu minúscula Me sinto num filme Mas totalmente sem bússola Como posso me perder tanto Quando saio do controle Há tempos que não me sinto em prantos Por ter medo do abandono  Culpa que paralisa Depois me anestesia Não sei quando estabiliza  Essa falta de ordem minha Queria ser fria Queria ser sozinha  Pra sempre  Sem me preocupar  Com o de repente Sem pensar  Que talvez meu deleite  Acabe da noite pro dia Queria ser fria Ah como queria Poder seguir a vida Apenas apreciando a solidão Sem contar quantos afetos tenho na mão E quantos se vão entre os dedos Como areia, escapando quando
Eu ainda não sei o quanto Você consegue me ver  Através da lente  Não sei se percebe o tanto Que meu coração sente Não sei se entende o manto Que ainda me prende Não sei se sente espanto  Se se surpreende  Comigo Que sou tão frágil  Abrigo de paranoias  Queria ser ágil  Ser feita de joias  De sabedoria, poder Mas toda vez que me apaixono  Me sinto perder  A capacidade de ser  Eu  Perco o sono  No meio do breu Me sinto incompleta Na igreja, um ateu  Perdido na meca  Desencaixado  Talvez seja verdade Todo esse meu lado  Errado  Talvez eu tenha que aceitar Sair pela cidade  Sem buscar um culpado  Apenas reconhecer  Encarar de frente o fardo  De ter sombras, parar de me esconder Me sinto uma farsa Será que um dia você vai perceber? Isso me ameaça  Mas a verdade é que você já descobriu  Que sou torta Tem uma parte minha caída no meio fio  Me sinto morta Enquanto outra versão de mim  De novo me pariu