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Mostrando postagens de abril, 2020

nós

Quando dois corpos nus se entrelaçam É dado um nó  Que só desata Quando desandam os desejos Enquanto os desejos andam juntos O nó se cega E fica cada vez mais difícil desfazer Quando dois corpos nus se amarram  Em um só Se inicia um novo corpo  Que se constitui de desejo E fluido  Quando dois corpos nus gritam  De prazer Há uma fenda no universo  Que prova que nada existe por acaso Ou pra sempre Nem a angústia  Nem o amor E é isso que faz com que os corpos Nus  Continuem a caminhar  Sozinhos  Ou em nós  Para se atar E desatar  Em si mesmos  E fendas no universo  Formarem galáxias  E realidades alternativas Para este mundo  Tão incerto  Tão doido Tão doído 

reflexão da artista sobre suas linguagens

Acho que ser artista visual  É a missão mais difícil  E desafiadora da minha vida Meu peito pulsa Desde menina  Por isso  Mas a escrita  Me parece um vício  Que dominou minhas mãos  Com mais facilidade Me dando habilidade O teatro dominou meu pensamento E o jeito de estar no mundo  Mas as artes visuais  Esta pulsa todos os dias aqui  Cursos eu já tentei  Para a técnica adquirir  Mas parece que algo me diz Que todo o repertório vem  Das outras vivências  Das outras linguagens  E quando eu estiver madura A pintura  Vai ser um furacão  Que não vai parar mais Vai ser revolução Apta para uma história de cinema Quem sabe um dia O cinema? Esse fica para outra poesia 

per (doar) é perdurar

Hoje sonhei com aquele que não habita mais o meu peito E percebi que o perdão é a melhor coisa Para se amadurecer direito Apesar de duras críticas e mágoas dilasceradas por aí  Hoje em dia percebo que fizemos nosso melhor  E me sinto bem por desta maneira seguir Te olhar de longe e sentir orgulho de você  Me prova que estou pronta para proceder  Te querer bem ao pensar em ti  Me prova que apesar das mágoas  Coisas boas Guardar eu consegui  E no final de tudo isso  Sabemos o que acontece Cumprimos nosso combinado  O amor sempre prevalece 

A mudança é que nem furacão que vem, destrói pra haver reconstrução

Nada será como antes Já dizia a deusa das canções Hoje em dia entendo Que é preciso fatores extra ordinários Para se olhar para nossos corações Eu não quero mais estar nesta posição De dependência emocional A ninguém Apesar de doer tanto a solidão Que me causa mal estar físico e mental Quero transcender, ir além Eu preciso entender sobre mim Sobre as vontades e conquistas E a partir disso seguir como posso Sem me cobrar, punir por questões egoístas Eu sou essa imensidão inteira enclausurada Me vendo sem perspectiva de melhora Pois espero o furacão passar para recomeçar Mas percebo que preciso agir agora Eu quero perdoar quem amo E quem não amo também Eu quero amar de novo E quero entender o meu caminho traçado Por mim, deixar de ser refém Eu quero poder desistir de tudo E ao mesmo tempo quero fazer tudo ficar mudo Para poder chorar bem alto Enquanto as mortes e o caos aparecem na TV e a morte e o caos que existe por dentro Que ninguém fala Eu queria poder

Uma carta que nunca vou lhe enviar

Meu bem, eu decidi ir. De vez. Evitando despedidas.  Mas esperando a cada segundo que isso aconteça. Pois eu também sou contraditória. Pois eu te repudio E te desejo Tenho mágoa E te compreendo Te quero bem Te quero perto Mas quero estar longe Há semanas não vamos bem E algo tão forte Que em um mês pareceu uma vida Se modificou para uma dor Uma ferida Meu amor, eu te digo Foi tudo real Como tinha que ser Intenso e gostoso Como eu e você Mas quando o peso da balança muda É preciso ir embora E se você se perdeu em si Com seus medos e complicações Meu amor, saiba que eu entendo E perdoo a mágoa que me causou Pois sei que foi sobre você E sobre mim, o que dizer? Eu também preciso me resolver Comigo mesma Fazer as pazes com esse ser Todo cheio de emoções e incertezas E quem sabe quando essa tempestade passar Essa daqui de dentro E a de fora também A gente se veja por aí? E consiga começar de novo Mas por hora É melhor ir embora Sem demora Pra não ma

Amarga

Meus pelos caem do corpo Como uma cobra troca de pele Não sou mais a mesma De novo E então Novamente não sei quem sou Voltei aos poemas A dramaturgia está de mal comigo Eu estou de mal com o teatro Acho que o teatro está de mal com o mundo A arte da presença Está suspensa Num momento em que ausência É sobrevivência A pintura é meu amor Platônico Tenho medo de me envolver e decepcionar a mim mesma aos mundos o dinheiro que é gasto com material todos Mas no fundo apesar de amadoramente é o que me salva Do silêncio profundo da alma Da gritaria insana da mente A arte do encontro está dando um tempo de mim e eu dela pois não há mais encontro pois não quero encontrar ninguém pois sinto que todos me decepcionaram e eu também decepcionei geral É isso Eu voltei a ser A amarga poeta solitária

Há uma forte correnteza rasgando o meu peito

Há uma forte correnteza rasgando o meu peito Eu fui represa até agora Me privei durante muito tempo Do direito de sofrer Como se não merecesse Não fosse digna De algo tão elementar Na existência humana Há tempos venho me permitido A dizer Não estou bem Preciso de afago Estou chorando muito  E desde então uma correnteza está passando por mim Para me dizer que eu mereço sentir Ter problemas E cuidar deles Porque isso é amor próprio É entender a própria companhia E saber que em todo rio Há em algum momento A nascente E a pororoca E que pra virar mar Eu preciso enfrentar a ressaca

Auto Cia

Me engano que não sinto tua falta Para não doer o peito Para não me sentir Mais uma vez Com a rejeição Em seu feito Mais completo Já sabe o caminho Da minha garganta E lá fica até se enlaçar Faz nó E chora Derrama as frustrações Pelos olhos A saudade Que virou vontade E agora já virou Auto piedade E se desfez em novos horizontes Sem você nadando nele Sem teus cabelos no meu rosto Enquanto te abraço forte e sinto teu cheiro Sem tua voz em meu ouvido Me convencendo de que dessa vez Seria diferente Não foi Pois sou eu Sempre eu Mas não me puno Me perdoo E me amo E faço da minha companhia Poesia
Por que me sinto tão pequena O maior obstáculo para Alcançar meus objetivos Sou eu mesma Por que não consigo Fazer aquilo Que parece tão simples Para me levar além?