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Última natureza morta - Paul Klee, 1940

Minha natureza está morta Entre entranhas de tintas E pedaços de papel E cerdas de pincel Eu me vejo morta pintada e enquadrada em exposição espetacular enquanto minha alma segue vazia presa na moldura de uma natureza que já está morta As cores me dizem para não desistir Eu tento prosseguir exposta na parede Morta naturalmente E naturalmente morta Dentro de um peito que sangra Acrílico Óleo TGA A minha natureza está morta Esperando a ressurreição Enquanto os outros me analisam na exposição Sangue sobre tela A minha tela foi esfaqueada Pelo conceito artístico E meu peito é agora A obra mais valiosa Vazando tinta Pulsando um destino que não me diz nada além do fato de minha maior obra ser a minha própria natureza VIVA.
Nunca soube lidar com sua ausência nem na.sua presença Eu não sei lidar com seu olhar Nem com seu corpo Não sei lidar com sua presença ausente Desde quando você esteve assim? E desde quando você ainda gosta de mim? Por que seus olhos gritam isso pra mim? E porque a gente ainda se sente na ausência da presença? Eu quero você presente

Sobre amores, amizades e familiares

Por que sou mais sobre as pessoas que me rejeitaram Do que as que me acolheram Destas não me lembro de muitas Foram poucas Talvez seja difícil pra eu acreditar Que já rejeitei outras pessoas também

sobre o rompimento de laços

Você conseguiu tirar todas as minhas palavras férteis. No desespero de não conseguir superar você, me vi em outro emaranhado Vivendo uma outra vida Que achei que era verdadeira Me desculpa se te magoei Mas me magoei também Aceitando todo o seu descaso Desde sempre Me desculpa se pareceu que você não foi importante pra mim Mas também me senti assim nas noites em que você me deixou só Enquanto estava ao seu lado Eu gostaria de dizer isso a você Mas você não quer me ver Porque também carrega essa culpa dentro de si De que poderia ter sido diferente Nós nos amamos e sei disso Uma pena que cada um precisa seguir seu caminho

Você sabe que é sobre você

Olhar pra você É enfrentar todas as minhas fraquezas Encarar as minhas certezas De que você não é qualquer um De que o tempo que passei contigo foi único Me transformou Você ainda me transforma Mexe comigo Com minhas formas E com meu coração

Sobre mentes e corpos livres

Nas trevas da minha mente eu me perco Na certeza de que o falo é o que me fala coisas ruins Mas depois da tempestade me.pergunto Até que ponto minha mente mente Para mim mesma como punição para não ser feliz

Silenciador

Ele me engolia em público quando determinava o que eu queria. Me engolia privadamente quando dizia o que eu realmente estava fazendo. Inicialmente eram coisas simples que me pedia a fazer - Lava esse copo pra mim? - Arruma a cama?  - Faz minha barba?  E me engolia com ações que não eram minhas.  Um dia acordei sem boca Havia uma camada lisa de pele por baixo do nariz que se seguia até o queixo.  Não conseguia dizer as coisas que sentia.  Ele me emprestou a boca dele por algum tempo, mas era muito cansativo para ele, coitadinho.  Meses depois, perdi meus braços de forma misteriosa. Eu fui ao médico, e ele disse que analisando o meu caso, eu já nasci assim. Nunca houve mobilidade ali  Eu matei aquele homem com meus próprios pés, antes que eu não pudesse mais fugir.