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Mostrando postagens de março, 2020

Diário de quarentena

A fresta de luz que invade minha cama Me faz perceber que ainda há vida lá fora Meu corpo e mente definham Enquanto o mundo se regenera O sol irradiando a janela É a prova de que sempre se nasce de novo E apesar de turbulentas nuvens Que possam atravessar seu caminho Sua luz sempre existirá Por detrás das sombras de água Que se chocam com o vento E levam minhas lágrimas pela cidade Às vezes me pergunto se haverá vento novamente Em meu rosto e cabelos Mas é um egoísmo que não pode consumir O objetivo de cura E nem ser consumido Pela tristeza de se estar em dias De fúria

Se você não for mergulhar Por favor me deixe Se não for surfar Neste tsunami que sou Por favor me deixe Se não compreender que sou feita de fogo Por favor vá embora Se der a entender que sou excesso É porque não entendeu que sou ainda mais Se não quiser que eu lhe dê um pouco da minha loucura Por favor vá embora Porque eu sou toda essa imensidão de expectativas E talvez você esteja certa É demais para você lidar Para qualquer um lidar Então vá Porque eu me derramo Eu sou uma onda gigante que devora Tudo o que passa Eu sou tudo o que você não consegue sentir Porque está com medo Ou desinteressada Então não seja barragem Para minha correnteza Se você acha que te cobro muito Desculpe, talvez seja eu que precise lidar melhor Com o que sou Mas então é melhor ir embora Porque se nem eu sei lidar com minhas próprias ondas Quem dirá você que é marinheira de primeira viagem Eu digo pra ir embora Mas sei que quero que fique Mas não posso deixar de me derramar E
SAUDADE É o aperto no peito Quando me lembro de você É a súplica do meu ouvido Em ouvir teu timbre É a necessidade da minha pele Em sentir teu toque É a vontade da língua Em ter teu beijo VONTADE É a excitação em se lembrar De nós duas Nuas É a sede Que minha garganta sente Em não sentir teu fluido É o siricutico Que não deixa os meus pés imóveis VOCÊ É a pessoa Que me inquieta Me deixa esperta Ereta Besta... Nada discreta Quando me toca Quando me goza Quando me afaga E afoga Em carinhos e desejos Em abraços e beijos Em nós duas Porque quando há duas Nada mais importa

fogo e concreto

Entre desejos e verdades O que mais percebo em nós  É a constante auto fidelidade Está aí nossa maior qualidade  Está aí toda a resposta que nos angustia Sobre o que fazer com esta saudade  Entre chiados e maus ouvidos  Estão nossos argumentos  Mais genuínos  Sobre quem somos  E por que não partimos  Entre todas as formas de se amar  Entre todas as formas de se preservar  Talvez ainda não encontremos um meio do caminho  Mas meu bem acredite  Independente do trajeto  Saber que somos fogo  E também concreto  Me dá a certeza de que iremos ter  resposta Do caminho mais correto  A se seguir 

Eu não gosto de sentir tanto

Não eu não gosto Eu pensei em começar o texto dizendo  Que talvez eu não goste de sentir tanto  Mas depois pensei que isso é tão latente em mim  Que merece uma afirmação  Eu não gosto de sentir tanto  Ao ponto de pensar o tempo todo  Ao ponto de me sentir pequena por gostar  De me sentir fraca por sentir  Eu não gosto da forma como as pessoas que sinto  Me atravessam sem pedir licença  Menos ainda de saber que quando pedem licença  Eu abro a porta e deixo entrar  E bagunçar tudo  Eu não gosto de remoer  E ruminar sentimentos  Até o momento em que o incômodo se resolva de fato. Quando estou sem sentir eu produzo Eu vivo de forma racional  E isso me evolui  E aí me aparece alguém para fazer com que eu fique perdida Dentro de mim eu me sinto perdida Como se eu formulasse milhares de conversas na minha cabeça  Para explicar pra mim mesma o que sinto  Enquanto na verdade eu poderia só ser útil  Tô cansada de me sentir inútil por sentir Tô