Este é o fim de ano Menos fim Que já passei Me encontro no meio No caminho do meio No meio do caminho De um ciclo Que se iniciou não sei quando Me vejo esperando A semana que vem Para agilizar Para me empenhar Mas o ano que vem? Desconheço Nunca nem vi Faço a mínima ideia de como será Passo este Natal Sem a magia do mesmo Só com meu corpo E mente Frenéticos ao agora Presente que não tá na árvore Que engole tudo o que passa Presente é guloso Toma forma É agitado Ansiedade que contorna Tudo e todos E nos empurra A um destino Urgente
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Mostrando postagens de 2020
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Tenho aprendido a valorizar o que não é dito A sensação do subentendido A experiência de se sentir sem dizer Tenho aproveitado cada segundo Do que ainda não foi estragado Com a definição Tenho cultivado o sentir Ao invés do saber Tenho aproveitado isso Que surgiu entre eu e você Sem esperar Algo além Sem querer O que não se tem Sem se frustrar Com um possível desdém Do conceito Que só eu inventei Tenho aprendido a valorizar O que existe agora Ao invés de buscar O que está na hipótese Do que se adora
auto retrato daquilo que já fui
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Já fui armação completa Cena ensaiada e decorada Já fui orgulho puro. Incapaz de assumir erro Já fui avesso de narciso Incapaz de olhar pra mim Já fui âncora para os naufragados Já fui Porto para os necessitados Já fui escuridão Medo daquilo que não se tem na mão Já fui tolice pura Tudo escondido na armadura Já fui choro Cachoeira Já fui uma peça de teatro inteira Atriz, escritora e costureira Já fui a plateia da Beira Já fui a gorjeta da noite E fui a ausência do bonde Já fui o erro completo A falta de noção Já fiz também o correto Já acalmei coração Hoje sigo o caminho do meio Me perdoando no caminho Me deixando sem jeito E assumindo que às vezes é bom andar sozinho Sou aquilo indefinido Desajeitado no seu mais completo Sentido E sentindo como posso Vou encontrar meu abrigo
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Muitos dizem sobre a inflexibilidade do posicionamento político. O problema é não enxergarem que ser inflexível é uma questão de resistência a um grupo de pessoas que excluem. Excluem minha existência e das pessoas que amo. Às vezes me pergunto se isso vale a pena, se posicionar e não arregar àquilo que machuca a existência de certas pessoas. Em momentos extremos, isso é tido como um capricho. Mas quando me encontro nesse espaço novamente, depois de tantos anos, percebo que ele não me cabe, nunca me coube. E é por isso que não permaneço. Sei bem de que lado da trincheira estou. E corro pelo certo, pelos que amo, pelo que eu acredito. A todas as pessoas LGBTQIA+ A todas as pessoas pretas A todas as pessoas que sempre estiveram na parte de trás da casa, no quarto de empregada A todas as pessoas que realmente carregam este país nas costas.
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Às vezes penso sobre a liquidifiquidade das relações. O amor é dessas entidades que aparecem quando não se vê e vai embora sem que se possa ouvi -lo dizer adeus. Ele detesta despedidas. E quando a gente percebe que já se foi, a dor já está instaurada. O sangue já vaza do peito e se mistura com as lágrimas. Se inunda tudo no ambiente. E aí existe o vazio da partida. Mas por que? Por que acreditar que o vazio do outro se preenche com uma pessoa?
quem descobriu o Brasil não foi Cabral
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Aqueles que cantam liberdade E lutam por ela E andam com ela E pegam a liberdade Enfiam guela abaixo dos Tidos como prisioneiros E batem com liberdade E dizem que estão salvando o mundo Que silenciam com a liberdade E dizem que é ingratidão alheia E enriquecem com a liberdade E gozam da liberdade Tão pálida Tão binária Tão do mesmo Não quero a liberdade que me da medo A liberdade que sufoca Que machuca A liberdade do outro que não é minha Não sou grata pela liberdade Que só é livre quando lhe convém Não sou grata pela liberdade que Segrega Culpabiliza Cala Eu não tenho nada a ver com essa liberdade Tão branca Tão máscula Eu nunca quis ter herói Eu nunca quis que me dessem A possibilidade de ser livre Porque me dar isso É tirar de mim a liberdade Que nasceu comigo E introduzir o que você me diz que é Mas que tem grades Cautela Medo Não preciso, obrigada.
uma carta de amor ao meu imaginário
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Me afogar em mim mesma até descobrir todos os macetes. Me reduzir a pó, para ser fênix em algum momento. Ser a melhor companhia que poderia ter. Ficar triste por não ter percebido isso antes. Relembrar de todos os momentos em que coloquei a mim mesma num lugar que não colocaria nem aquela pessoa que tenho antipatia. Criar uma simpatia ímpar pelo meu ser. Nunca antes vista. Entender o processo de autofagia como cura e reconstrução. Na verdade a maior construção antes feita. Estar numa obra interna intensa demais para querer ver gente. Estar tão dentro que se diverte no próprio imaginário. A ansiedade de dormir para sonhar com aquele universo que só existe na própria cabeça. Ser. Unicamente ser e ter a arte como maior companhia. Esse imaginário esteve aqui o tempo todo. Mas estava ocupada demais querendo agradar os outros. Com elementos que nem são genuínos. Como saber agradar se não sei nem muito bem o que me agrada os olhos, ouvidos e coração? Torcer para conseguir escrever o que me ve
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Sempre quando penso em te mandar mensagem Algo de mais interessante me surge Na cabeça Para eu fazer Acho que estou meio farta De tanta ideia torta De tanta web-carta De tanta coisa que foi imaginada Numa mente Cansada de tentar entender O amor e a vida Tô cansada de me sentir preterida Partida antes da chegada É dada a hora de se retirar Antes do início da chuvarada Dos olhos Pego meu barco e vou navegando Nas águas que já escorreram Me molho E percebo que preciso fazer diferente Mudar o trajeto Mudar por completo
impermanência
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A impermanência Pulsa O impermeável Expulsa Você daqui Eu daí Parou Congelou-se mais uma vez A impermanência Permanece Se senta E pede um café A impermanência Se diverte Se inicia e novamente Está de pé Registro o momento Do aqui e agora Como quem necessita Do movimento De cair pra fora Mais uma vez não acertei A cesta do coração Nesse basquete que pulsa E não expulsa A solidão Pum pum pum A bola salta no chão Dê aqui um zoom No que há na palma da mão O sentimento amassado Prestes a ser arremessado E quem dirá a ele Se está certo ou errado? Mais uma vez nesse jogo De eterno emaranhado E solto estado Mais uma vez na questão Do que é ou não ser amado
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Queria te dizer sobre meus medos Talvez você compreendesse melhor Queria te dizer do que sinto Uma pena nem eu saber ainda o quê Queria te dizer como você me deixa Feliz Leve Eu esqueço que tá tudo uma bosta, sabe? Eu esqueço que eu tenho medo do mundo Eu esqueço que tenho mágoas E que vivo num país Que está em decomposição há mais de 500 anos Às vezes bate o medo Do irreal Da ilusão De perceber que nada passou de uma Alucinação. De sobrevivência Já é o segundo texto que escrevo Pra te dizer o que sinto E não sai Por que tenho medos monogâmicos Numa sociedade em que o afeto é escasso? Por que tenho a necessidade da exclusividade Se eu mesma não carrego mais o cansaço Da solidão compartilhada?
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Ao longo da cidade O sol abraça minha pele Penso em como seria seu toque Não há como definir o choque De encontrar alguém que te mele Inteira Só com a voz Só com os olhos Só com a projeção dos olhos Do rosto Só com as ideias Só com o coração Só com o sentir Só? Tudo Tudo o que eu queria ter vivido Tudo o que eu queria ter dito Tudo o que eu queria ter beijado Personificado Em você Em teu nome Em teu rosto Em teu timbre E teu pescoço Que tem um cheiro que não sei qual é Que tem um jeito que não sei como é Mas que quero A cada segundo do dia E se eu dissesse que me importo conosco O que você faria?
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To cansada de me sentir um caco Ao ouvir tua voz Tô cansada de entender Que não acontece mais A partilha de nós Tô cansada da frieza Emocionalmente cansada De perceber que não tem mais Dupla Tô cansada De me sentir uma merda A pior de todas A que pecou Errou E não tem mais nada Além daquilo que restou Para dizer que isso um dia Nos motivou
parede
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Eu preciso pintar essa parede Tirar as manchas de tinta Que seu cabelo deixou As manchas de dedo da foda As anotações que você fez Quando dropou aquele doce Tirar os adesivos daquela manifestação Eu preciso pintar essa parede Passar massa corrida Nessa corrida contra o tempo De te tirar da cabeça Te arrancar da mente antes que Chegue aquela data de aniversário Que não gosto de lembrar. Eu preciso lavar com sapolio E depois pintar daquela cor que você odeia Colocar aquele incenso que você odeia Abrir aquele vinho que você odeia E vestir a camiseta que você não conseguiu roubar Eu preciso derrubar essa parede E todos os restos de pele que nela ficaram Todas as gotículas que sua saliva pode ter deixado Eu preciso botar fogo neste quarto Para incendiar os desejos que não foram contigo
Os lógicos quiseram explicar o amor
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Os lógicos quiseram explicar o amor. Mediram estatura, cor, peso, profundidade, histórico sexual, sanguíneo e das lágrimas. Quiseram separar, definir, especificar a partir de algo que não era comum mas impuseram para ser. Os lógicos se perderam na lógica O amor fugiu desesperado, com medo de perder os órgãos: a subjetividade, o sentimento, a empatia, o desejo. E se escondeu no coração do ser. Não se escondeu em nenhum outro órgão. Ele dispara junto com a pulsação. Porque seu ritmo é próprio, é único. Inexplicável. Os lógicos? Ainda estão perdidos Precisando daquilo que tanto querem denotar.
quando fala muito para de fazer sentido?
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mortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemortemorte
MarcInsana
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Faz uma semana que meu coração tá na boca Faz uma semana que eu acho que vou ficar louca Faz uma semana que meu corpo parece uma roupa Apertada Estou amarrada No meio da noite calada No meio da cidade parada Me tornei o apocalipse Minha mente é um eclipse Solar Eu era sol Até você na minha frente chegar Quais são as chances de eu manter a sanidade Depois de ter tido aquela visão da cidade Quais são as chances de eu saber a verdade Se meu peito se resume em saudade Eu não escrevo isso pra ti, não pense nisso Eu não quero que você saiba disso Eu escrevo para não haver um sumiço Da minha pessoa perante tudo isso Eu sou uma extra terrestre Intensa demais para qualquer humano Sei que todos se assustam, são mais de um por semestre Mas escrevo isso para não deixar seu psicológico insano Ainda quero que sua mente preste Eu preciso sair da escuridão Já fiquei tempo demais Eu sou Solar de Solidão Terei que ser sagaz [Fevereiro de 2017]
pedidos
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Por um amor que fale das saudades como se fosse doença. Daquelas contagiosas que quando pega dói dói dói e você reza pra passar. Daquelas que você fica tentando lembrar como era não sentir essa dor. Por um amor que me observe a dormir, com carinho, e escreva uma mensagem pra mim. Para eu ler no futuro próximo em que eu acordar. Por um amor que diga, demonstre e valorize minha presença. Que entenda que quando estou presente estou de alma e corpo inteiro. E que esteja também. Por um amor que entenda as minhas inseguranças e se sinta seguro o suficiente em abrir as suas comigo. Por um amor que busque junto uma solução, ao invés de achar o culpado. Por um amor que pergunte como eu estou. O que tenho feito. O que tenho comido e se gostei daquela música que enviou. Por um amor que envie músicas, poemas e ilustrações. Por um amor que mande uma mensagem inesperada, dizendo que se lembrou de mim. Por um amor que não esfrie, e que se esfriar, tenha a coragem de dizer que está partindo. Partindo
O cinema foi cancelado - experimentos de conto erótico
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"Vem pra cá direto, deixa o cinema pra la", a gente tinha combinado de ver aquele filme que ganhou vários óscares. Mas no final do dia o interesse real era se comer viva. Eu cheguei na casa dela e mal consegui dizer algo dentre as bocas que tinham muita sede e muita fome Hoje você não tá menstruada, né? Não Eu também não Que bom É Não teve muito diálogo, era muita vontade, muito tesão, muito gozo envolvido. Você ia deslizando teus dedos sob minha pele como se soubesse de cada centímetro quadrado. Você me beijou de cima abaixo, me ajeitou na cama e me comeu com os dedos em fúria. Eles entravam e saíam de mim com vontade, inundaram todo o lençol. Você me olhava se forma profunda, com os olhos serrados pelo tesão. Eu gritei muito aquele dia. Você me beijou e meu corpo estremeceu. Você desceu e beijou cada parte da minha barriga até minha buceta. E caiu de boca em todo o prazer que podia existir. Eu olhava pra você lá em baixo, entre minhas pernas e pelos. Você transitava com
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Te exclui de todos os lugares O teu rosto e teus escritos Teus áudios e vídeos Só do coração que não consegui Chega a bater doendo A falta que cê faz. Lembro de uns trejeitos Teu sorriso O jeitinho de falar Com respirações marcadas Entre uma coisa e outra Com suspiros que aconchegam Quem te ouve sorri por dentro É que não sei se você sabe Eu me pergunto se no futuro vou te encontrar Se a gente vai conseguir se falar Tenho quase certeza que você vai me evitar Quebra minhas expectativas? Demonstra o que sente por mim Ou o que você disse que sentia Quem é você agora?
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Hoje sonhei com você Teu rosto estava nítido o tempo todo A gente tava irritada uma com a outra Pra variar rs Mas você me acompanhava em algo Foi bom Eu senti teu abraço Senti você do meu lado Tinha muita onda, muita água também Algo que sempre te acompanha Você estava ali, presente. Será que um dia vai deixar de ser Sonho?
tentando entender
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Te espero em um email Em alguma entrelinha Em algum comentário Te espero pra entender O porquê Te imagino no futuro Com um copo de bebida na mão Dizendo que não teve a intenção Que tava tudo muito confuso Doído e nebuloso Que as coisas eram complicadas Que você não consegue explicar Ainda O que sentia Ou sente E eu aqui nessa eterna espera De entender De captar A hora da revelação Seja por mensagem, vídeo ou telefone Eu acreditei em você Quando você disse a palavra A pai xonada Eu acreditei nos nossos desejos e anseios Eu acreditei no futuro A dois Mas não foi assim Porque as circunstâncias são extremas Porque o isolamento nos faz acreditar que somos sozinhas Porque eu não sei se deveria te cobrar algo Quando a gente pode cobrar algo? Porque você plantou a semente da expectativa, você regou E depois sumiu de novo E eu entendo a sua confusão Mas eu quero que você saiba Que de nada vale uma paixão Se não tem a parceria Se não tem a preocupação Eu sempre pensei Co
te visito tantas vezes e você nem sabe
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Gelo
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Te espero Em algum manifesto Enigmático Que deixe meu coração Extremamente estático Eu dei uma pausa no nosso filme Porque tava me angustiando O excesso de drama Eu tô tentando arrumar as coisas Aqui dentro Deixar tudo mais leve Talvez trazer de volta um pouco daquilo que tinha Vida Antes de me esbarrar em mim Aqui dentro Eu guardei comigo as melhores lembranças O melhor cheiro e o melhor cenário Eu guardei os seus gatos e seu sorriso Eu fiz um bolo pra tentar definir teu gosto Nenhum açúcar do mundo consegue atingir Tua doçura Eu fiz uns versos meia boca Enquanto eu queria mesmo era minha boca inteira aí Eu retirei aqui de dentro a raiva Que eu tinha sentido na primeira vez que tentei fazer essa pausa Hoje eu guardo comigo o amor Que congelou Porque nosso amor é tão bom Que não esfria Congela pra preservar E quando a gente esquentar de novo esse mundo Ele vai estar conservado Eu tô aqui tentando entender meu corpo Minha saúde Meu ser Tá complicado, sabe? Fico aqui rez
tudo o que eu mais queria
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Tudo o que eu mais queria Era um filme com você Debaixo da coberta Deitada em meu peito Enquanto eu te faço aquele cafuné Que transpassa todo o amor que sinto por ti Na ponta dos dedos Os mesmos dedos que depois Levarão esse amor pra dentro Pra todo o universo que há aí Quando penso nessa imagem Eu conheço o amor Conheço porque sei que quando isso acontecer Eu vou ter a sensação de nirvana Eu vou ter já vivido o necessário Pra partir desse mundo em paz
diário de quarentena - dia 48
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Há uma âncora em meu corpo Que impede ação Há uma dor aqui dentro Que aperta o coração Sem perspectivas me encontro Meus sonhos se esvaem a cada dia A saudade dela aumenta E minha mente se alimenta Das lembranças daquele mês de alegria Por que tanta demora Em encontrar paz Neste mundo Que sempre esteve em guerra Por que meu âmago chora Quando a lembrança me traz O perfume e o toque dela? Será que sobrevivemos? De corpo e de alma Mente e coração? Estou com tanto medo Tédio E tesão Me sinto congelada Em tanta solidão
Me dou
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Quando ouvi o que esperava Senti um medo absurdo Como se a informação viesse cortada Acho que o coração é surdo Todas as outras questões Pareceram mais relevantes A quem será que você divide os desejos Ou por que só agora assumiu Que nossos beijos Atravessam nossos corpos Nossas mentes E nos envolvem nos lençóis De expectativas e sentimentos Cultivados a cada momento Eu tenho medo de não acontecer O que quero que aconteça De nos irritarmos demais E que tudo se estremeça
nós
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Quando dois corpos nus se entrelaçam É dado um nó Que só desata Quando desandam os desejos Enquanto os desejos andam juntos O nó se cega E fica cada vez mais difícil desfazer Quando dois corpos nus se amarram Em um só Se inicia um novo corpo Que se constitui de desejo E fluido Quando dois corpos nus gritam De prazer Há uma fenda no universo Que prova que nada existe por acaso Ou pra sempre Nem a angústia Nem o amor E é isso que faz com que os corpos Nus Continuem a caminhar Sozinhos Ou em nós Para se atar E desatar Em si mesmos E fendas no universo Formarem galáxias E realidades alternativas Para este mundo Tão incerto Tão doido Tão doído
reflexão da artista sobre suas linguagens
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Acho que ser artista visual É a missão mais difícil E desafiadora da minha vida Meu peito pulsa Desde menina Por isso Mas a escrita Me parece um vício Que dominou minhas mãos Com mais facilidade Me dando habilidade O teatro dominou meu pensamento E o jeito de estar no mundo Mas as artes visuais Esta pulsa todos os dias aqui Cursos eu já tentei Para a técnica adquirir Mas parece que algo me diz Que todo o repertório vem Das outras vivências Das outras linguagens E quando eu estiver madura A pintura Vai ser um furacão Que não vai parar mais Vai ser revolução Apta para uma história de cinema Quem sabe um dia O cinema? Esse fica para outra poesia
per (doar) é perdurar
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Hoje sonhei com aquele que não habita mais o meu peito E percebi que o perdão é a melhor coisa Para se amadurecer direito Apesar de duras críticas e mágoas dilasceradas por aí Hoje em dia percebo que fizemos nosso melhor E me sinto bem por desta maneira seguir Te olhar de longe e sentir orgulho de você Me prova que estou pronta para proceder Te querer bem ao pensar em ti Me prova que apesar das mágoas Coisas boas Guardar eu consegui E no final de tudo isso Sabemos o que acontece Cumprimos nosso combinado O amor sempre prevalece
A mudança é que nem furacão que vem, destrói pra haver reconstrução
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Nada será como antes Já dizia a deusa das canções Hoje em dia entendo Que é preciso fatores extra ordinários Para se olhar para nossos corações Eu não quero mais estar nesta posição De dependência emocional A ninguém Apesar de doer tanto a solidão Que me causa mal estar físico e mental Quero transcender, ir além Eu preciso entender sobre mim Sobre as vontades e conquistas E a partir disso seguir como posso Sem me cobrar, punir por questões egoístas Eu sou essa imensidão inteira enclausurada Me vendo sem perspectiva de melhora Pois espero o furacão passar para recomeçar Mas percebo que preciso agir agora Eu quero perdoar quem amo E quem não amo também Eu quero amar de novo E quero entender o meu caminho traçado Por mim, deixar de ser refém Eu quero poder desistir de tudo E ao mesmo tempo quero fazer tudo ficar mudo Para poder chorar bem alto Enquanto as mortes e o caos aparecem na TV e a morte e o caos que existe por dentro Que ninguém fala Eu queria poder
Uma carta que nunca vou lhe enviar
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Meu bem, eu decidi ir. De vez. Evitando despedidas. Mas esperando a cada segundo que isso aconteça. Pois eu também sou contraditória. Pois eu te repudio E te desejo Tenho mágoa E te compreendo Te quero bem Te quero perto Mas quero estar longe Há semanas não vamos bem E algo tão forte Que em um mês pareceu uma vida Se modificou para uma dor Uma ferida Meu amor, eu te digo Foi tudo real Como tinha que ser Intenso e gostoso Como eu e você Mas quando o peso da balança muda É preciso ir embora E se você se perdeu em si Com seus medos e complicações Meu amor, saiba que eu entendo E perdoo a mágoa que me causou Pois sei que foi sobre você E sobre mim, o que dizer? Eu também preciso me resolver Comigo mesma Fazer as pazes com esse ser Todo cheio de emoções e incertezas E quem sabe quando essa tempestade passar Essa daqui de dentro E a de fora também A gente se veja por aí? E consiga começar de novo Mas por hora É melhor ir embora Sem demora Pra não ma
Amarga
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Meus pelos caem do corpo Como uma cobra troca de pele Não sou mais a mesma De novo E então Novamente não sei quem sou Voltei aos poemas A dramaturgia está de mal comigo Eu estou de mal com o teatro Acho que o teatro está de mal com o mundo A arte da presença Está suspensa Num momento em que ausência É sobrevivência A pintura é meu amor Platônico Tenho medo de me envolver e decepcionar a mim mesma aos mundos o dinheiro que é gasto com material todos Mas no fundo apesar de amadoramente é o que me salva Do silêncio profundo da alma Da gritaria insana da mente A arte do encontro está dando um tempo de mim e eu dela pois não há mais encontro pois não quero encontrar ninguém pois sinto que todos me decepcionaram e eu também decepcionei geral É isso Eu voltei a ser A amarga poeta solitária
Há uma forte correnteza rasgando o meu peito
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Há uma forte correnteza rasgando o meu peito Eu fui represa até agora Me privei durante muito tempo Do direito de sofrer Como se não merecesse Não fosse digna De algo tão elementar Na existência humana Há tempos venho me permitido A dizer Não estou bem Preciso de afago Estou chorando muito E desde então uma correnteza está passando por mim Para me dizer que eu mereço sentir Ter problemas E cuidar deles Porque isso é amor próprio É entender a própria companhia E saber que em todo rio Há em algum momento A nascente E a pororoca E que pra virar mar Eu preciso enfrentar a ressaca
Auto Cia
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Me engano que não sinto tua falta Para não doer o peito Para não me sentir Mais uma vez Com a rejeição Em seu feito Mais completo Já sabe o caminho Da minha garganta E lá fica até se enlaçar Faz nó E chora Derrama as frustrações Pelos olhos A saudade Que virou vontade E agora já virou Auto piedade E se desfez em novos horizontes Sem você nadando nele Sem teus cabelos no meu rosto Enquanto te abraço forte e sinto teu cheiro Sem tua voz em meu ouvido Me convencendo de que dessa vez Seria diferente Não foi Pois sou eu Sempre eu Mas não me puno Me perdoo E me amo E faço da minha companhia Poesia
Diário de quarentena
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A fresta de luz que invade minha cama Me faz perceber que ainda há vida lá fora Meu corpo e mente definham Enquanto o mundo se regenera O sol irradiando a janela É a prova de que sempre se nasce de novo E apesar de turbulentas nuvens Que possam atravessar seu caminho Sua luz sempre existirá Por detrás das sombras de água Que se chocam com o vento E levam minhas lágrimas pela cidade Às vezes me pergunto se haverá vento novamente Em meu rosto e cabelos Mas é um egoísmo que não pode consumir O objetivo de cura E nem ser consumido Pela tristeza de se estar em dias De fúria
Vá
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Se você não for mergulhar Por favor me deixe Se não for surfar Neste tsunami que sou Por favor me deixe Se não compreender que sou feita de fogo Por favor vá embora Se der a entender que sou excesso É porque não entendeu que sou ainda mais Se não quiser que eu lhe dê um pouco da minha loucura Por favor vá embora Porque eu sou toda essa imensidão de expectativas E talvez você esteja certa É demais para você lidar Para qualquer um lidar Então vá Porque eu me derramo Eu sou uma onda gigante que devora Tudo o que passa Eu sou tudo o que você não consegue sentir Porque está com medo Ou desinteressada Então não seja barragem Para minha correnteza Se você acha que te cobro muito Desculpe, talvez seja eu que precise lidar melhor Com o que sou Mas então é melhor ir embora Porque se nem eu sei lidar com minhas próprias ondas Quem dirá você que é marinheira de primeira viagem Eu digo pra ir embora Mas sei que quero que fique Mas não posso deixar de me derramar E
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SAUDADE É o aperto no peito Quando me lembro de você É a súplica do meu ouvido Em ouvir teu timbre É a necessidade da minha pele Em sentir teu toque É a vontade da língua Em ter teu beijo VONTADE É a excitação em se lembrar De nós duas Nuas É a sede Que minha garganta sente Em não sentir teu fluido É o siricutico Que não deixa os meus pés imóveis VOCÊ É a pessoa Que me inquieta Me deixa esperta Ereta Besta... Nada discreta Quando me toca Quando me goza Quando me afaga E afoga Em carinhos e desejos Em abraços e beijos Em nós duas Porque quando há duas Nada mais importa
fogo e concreto
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Entre desejos e verdades O que mais percebo em nós É a constante auto fidelidade Está aí nossa maior qualidade Está aí toda a resposta que nos angustia Sobre o que fazer com esta saudade Entre chiados e maus ouvidos Estão nossos argumentos Mais genuínos Sobre quem somos E por que não partimos Entre todas as formas de se amar Entre todas as formas de se preservar Talvez ainda não encontremos um meio do caminho Mas meu bem acredite Independente do trajeto Saber que somos fogo E também concreto Me dá a certeza de que iremos ter resposta Do caminho mais correto A se seguir
Eu não gosto de sentir tanto
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Não eu não gosto Eu pensei em começar o texto dizendo Que talvez eu não goste de sentir tanto Mas depois pensei que isso é tão latente em mim Que merece uma afirmação Eu não gosto de sentir tanto Ao ponto de pensar o tempo todo Ao ponto de me sentir pequena por gostar De me sentir fraca por sentir Eu não gosto da forma como as pessoas que sinto Me atravessam sem pedir licença Menos ainda de saber que quando pedem licença Eu abro a porta e deixo entrar E bagunçar tudo Eu não gosto de remoer E ruminar sentimentos Até o momento em que o incômodo se resolva de fato. Quando estou sem sentir eu produzo Eu vivo de forma racional E isso me evolui E aí me aparece alguém para fazer com que eu fique perdida Dentro de mim eu me sinto perdida Como se eu formulasse milhares de conversas na minha cabeça Para explicar pra mim mesma o que sinto Enquanto na verdade eu poderia só ser útil Tô cansada de me sentir inútil por sentir Tô
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O que dizer sobre a arte de um encontro Que se desdobra em tempo, espaço, sentimento O que dizer sobre a descoberta Não de você quando roubo sua coberta Mas de quando me descubro imersa Neste emaranhado de olhos, boca, cabelo e vulva O que dizer disto que sinto que me atropela e me engole Me acalenta e me consola Pois até nas situações mais estranhas Mais bizarras Controvérsias Eu pude contar com este afeto gigante Que me ganha e me faz ir adiante Que faz com que eu engula a minha razão Que não sei se existe ou se é só ilusão Que faz com que eu me reveja Não como forma de culpa ou punição Mas da forma mais genuína possível Consideração E faz com que eu me perca entre lápis, papel, palavras e desejos E me obriga a me afastar daqueles que almejo Só por um instante pra te escrever este poema E dizer que agradeço todo este coração pulsante Que me mostra o quanto você é especial Apaixonante